sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A AGONIA DA TERRA

Para enriquecer o conhecimento sobre a vigilância que os ambientalistas exercem sobre o andamento da agonia do planeta, trazemos aos leitores desta magnífica página a oportunidade de ler o artigo de Gaëlle Dupont, publicado no jornal francês Le Monde, tradução de Jean-Yves de Neufville e divulgação de Claudiney Morais.


"O dia em que a humanidade esgotou o produto global da Terra.

"Na terça-feira, 23 de setembro de 2008, nada mudou no cotidiano dos terráqueos. Não houve nenhuma penúria nas lojas de alimentação, nenhum corte de água ou de eletricidade que fugisse do ordinário. Contudo, segundo os dirigentes da organização não-governamental canadense Global Footprint Network, um evento importante ocorreu em 23 de setembro. Aquele foi o "Global Overshoot Day", literalmente "o dia da ultrapassagem do limite global". Isso significa que, entre os dias 1º de janeiro e 23 de setembro, a humanidade consumiu todos os recursos que a natureza pode produzir em um ano. A partir de 24 de setembro, e até o final do ano, a humanidade passou a viver, por assim dizer, acima dos seus meios. Para continuar bebendo, se alimentando, se aquecendo, se deslocando, ela passa a explorar de maneira excessiva o meio natural, e compromete com isso a sua capacidade de regeneração. Portanto, ela está reduzindo e comprometendo seu capital.

"O "dia da ultrapassagem do limite global", uma imagem destinada a impressionar as mentes, foi inventado pelos criadores do conceito de "rastro" ecológico. Na esteira das conclusões da Cúpula da Terra, que foi realizada no Rio de Janeiro, em 1992, os universitários William Rees e Mathis Wackernagel elaboraram e testaram um método que permite medir o impacto das atividades humanas sobre os ecossistemas. Trata-se de quantificar as superfícies biologicamente produtivas necessárias para a construção de cidades e das suas infra-estruturas, para o fornecimento dos recursos agrícolas, aquáticos e florestais que nós consumimos, e ainda para a absorção dos resíduos que nós produzimos, inclusive o CO2 proveniente da combustão das energias fósseis.

"A unidade de medição que é utilizada para calcular o "rastro" ecológico deixado por um indivíduo, uma cidade ou um país, é o "hectare global", cujas capacidades de produção e de absorção de resíduos correspondem à média mundial.

"Segundo os cálculos da Global Footprint Network, as necessidades da humanidade começaram a exceder as capacidades produtivas da Terra em 1986. Desde então, em conseqüência do aumento da população mundial, a data na qual a humanidade esgota os recursos teoricamente produzidos em um ano vem ocorrendo sempre mais cedo. Em 1996, o nosso consumo ultrapassava 15% da capacidade de produção do meio natural, e o "dia da ultrapassagem" caía em novembro. Em 2007, a ultrapassagem ocorreu em 6 de outubro.

"A ferramenta utilizada pela Global Footprint Network permite quantificar a evolução do consumo de recursos no decorrer do tempo, e sensibilizar a opinião para as conseqüências dos excessos da sua exploração. Ela autoriza igualmente fazer comparações entre regiões do mundo. Os habitantes dos Emirados Árabes Unidos apresentam o mais importante de todos os "rastros" ecológicos: cada habitante consome anualmente o equivalente de 12 hectares globais. Eles são seguidos de perto pelos americanos, com um coeficiente de 9,5 hectares por habitante. A França ocupa o 12º lugar deste ranking mundial, com um pouco menos de 6 hectares por habitante. Já, os habitantes do Bangladesh, da Somália e do Afeganistão são aqueles que apresentam o menor consumo de recursos em todo o mundo, com menos de meio-hectare por habitante. "

domingo, 26 de outubro de 2008

O BIG BANG FINANCEIRO

Publicamos abaixo artigo do proeminente ambientalista Antídio S. P. Teixeira, colaborador deste blog, abordando com maestria a crise capitalista, por que passa atualmente em sua conjuntura econômico-social, e a conseqüente influência nos procedimentos ecológicos.


“O mundo capitalista se debate na primeira e, provavelmente, a última grande crise “sócio-econômica-financeira-ambiental“. Muitos mestres em economia ou em comunicação, vêm a público prestar esclarecimentos sobre o acontecimento e apontar caminhos para restabelecer a confiança no sistema e levar investidores de volta a aplicação de seus recursos nas bolsas de valores, um jogo de azar, o que na verdade, só faria retardar o estouro para uma deflagração mais estrondosa amanhã.
“O fato é que o sistema financeiro mundialmente adotado como econômico é deficitário porque consome mais do que produz e o pouco que produz é mal distribuído e termina por ficar em poder de menores parcelas da população mundial. Por isso, para sobreviver ele necessita de um aumento contínuo de consumo a fim de obter, cada vez mais lucros para poucos. Como a maior fatia da humanidade é despojada de recursos para consumir o indispensável para ter uma condição de vida digna, a produção vai se restringindo cada vez mais e sendo sofisticada para satisfazer os desejos mais extravagantes das minorias que conseguem auferir maiores rendimentos.
“Esta inviabilidade foi prevista por Marx e, no entanto, ela tornou-se viável até o momento, porque contou com fontes energéticas como hulha e petróleo, assim como jazidas de matérias-primas aflorando no solo e, por isso, baratas; a atmosfera, os mares e as florestas com suas faunas se renovavam naturalmente mantendo a pureza necessária à vida.
“Nessas exuberantes condições de riquezas naturais, a ambição de poder de reis e de poucos cidadãos europeus começou a implantar políticas financeiras que deram origem ao capitalismo atual e moribundo. À medida que foram sendo aplicados mais recursos que propiciaram a evolução tecnológica, homens e animais de tração foram sendo excluídos do trabalho, deixados sem meios de subsistência em todo o mundo e, hoje, afeta até as classes de profissionais liberais.
“O desvio da evolução social natural começou, exatamente, no momento em que, acidentalmente, se transformou a hulha em coque, e, com este, fundiu-se o ferro o que, até então, o faziam num processo penoso e limitado, por ocupar muita mão-de-obra de lenhadores, carvoeiros e transportadores que alimentavam as empíricas siderúrgicas, razão do seu elevado custo e aplicação limitada à fabricação de armas, ferramentas e artefatos de maiores necessidades. Passando o ferro a ser fundido em grande escala e com um combustível altamente concentrado e barato por nenhum trabalho ter custado ao homem para fabricá-lo e concentrá-lo através de milhões de anos, novas aplicações modificaram o comportamento social da humanidade.
“Trefilados permitiram as construções de elevados prédios, superpovoando, deste modo, as áreas urbanas; tubos de ferro fundido resolveram problemas de abastecimento de água; trilhos, máquinas a vapor e motores a explosão que impulsionaram vagãos e navios para abastecerem as novas cidades que cresceram mais para o alto, o que fez com que o homem dependesse, cada vez mais, de energia elétrica para bombear água, acionar elevadores e ventiladores etc.
“Assim, também, para transportar passageiros, sendo hoje o avião, o mais rápido, preferido e o maior consumidor de energia por unidade de massa transportada. Só que, as minas de hulha mais próximas foram se esgotando, outras ficando cada vez mais profundas e/ou distantes; o petróleo que, inicialmente, em algumas regiões, chegava a esguichar do solo, quando se escavavam poços para água, hoje ele é extraído de poços cuja profundidade já não se medem mais em metros, mas em quilômetros.
“A disputa pelas jazidas destes combustíveis tem sido motivos de caríssimas guerras fazendo milhares de mortos deixando crianças órfãs. Os custos para obtenção desses combustíveis e de outras riquezas minerais se elevaram consideravelmente durante estes dois últimos séculos, transferindo para as planilhas de custo de produção e de vendas das mercadorias produzidas com eles.
“O desastre começou a ser apontado na consciência de ambientalistas na década de 1970 quando observaram, pela primeira vez, o “buraco” na camada de ozônio sobre o Pólo Sul e foram despertados para o fato de que os gases emanados pela queima de combustíveis fósseis, predominantemente os óxidos de carbono, não dispondo de meios para se reciclarem, vinham se acumulando na atmosfera e causando alterações climáticas precursoras de intempéries com sérias implicações na produtividade agropecuária e danos imobiliários, tanto nas áreas urbanas como, também nas rurais.
“Resumindo: os custos operacionais da produção mundial já superam em muitas vezes os recursos financeiros globais obtidos para suas aquisições, o que não deixa mais margens para os lucros fáceis de outrora. Esta é a causa; o desfecho dependerá das atitudes que serão tomadas pelos governantes do mundo.”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

SOFRIMENTO DE MÃE

O amor de mãe supera o amor à própria vida. É quase inexplicável a energia presente no vínculo de uma mulher a seu filho. Torna-se até misterioso esse liame que une causa e efeito, de forma tão forte que a causa-mãe chega ao ponto de se dar em holocausto no esforço de preservação ao efeito-filho. Na Natureza, entre os animais, são comuns esses atos de renúncia suprema. Vimos muitas vezes que, sob ameaça à integridade dos filhos, uma débil geradora ataca furiosamente o forte predador, em qualquer circunstância, mesmo sabendo da possibilidade de seu próprio sacrifício. Há poucos anos, por ocasião do pavoroso incêndio ocorrido no edifício Joelma, em São Paulo, as lentes dos jornalistas ali presentes tiveram a oportunidade histórica de gravar as ações de desespero, nas alturas, de uma mãe e seu filho de uns 9 anos. Ambos, na fuga desesperada das chamas que queimam e matam, saíram pela janela, num esforço muscular enorme, com o objetivo de entrar na do andar inferior contíguo. Ficou registrado que, durante todo o tempo do transbordo, a mãe protegia o filho para que este não caísse de tal altura, de forma que o guri conseguiu pôr-se a salvo no gradil da janela de baixo. O esforço dessa mãe, frágil de músculos, foi tão grande que as forças lhe faltaram para sustentar-se nas alturas e despencou para o solo. Essa cena tornou-se emblemática para a grandeza do amor materno.
A Natureza ensina: a vivência de uma mãe se destina a garantir a sobrevivência de sua prole. No caso, não nos vamos enredar em considerações biológicas ou filosóficas – ricas nesses aspectos – porque o foco de nosso tema é o meio ambiente, muito mais importante, porque vital, eis que ele engloba todas as referências imagináveis, inclusive aquelas áreas.
O suplício da mãe Terra, neste momento, torna-se triplamente doloroso quando percebe que suas próprias chagas são causadas pelas ações insanas dos filhos humanos. Desgarrados da vivência natural pela ganância e conforto material sem limites, estes são levados à própria extinção, como vêm fazendo com seus irmãos da fauna e flora. Na qualidade de mãe, a Terra sofre por amar sua prole humana e pelo tratamento ingrato e vil recebido. Nesse desespero, pede socorro à consciência dos homens que ainda são capazes de uma visão crítica e depositários de amor filial.
A mãe Terra queixa-se que, não satisfeitos de lhe sugar todo o leite-vida das mamas, extraem-lhe com violência os próprios seios, o ventre e o sangue para transformá-los em metais sonantes, alimentando a volúpia do desenvolvimento econômico até o infinito. Apesar da mãe Terra em chagas e em prantos, seus filhos inteligentes não percebem que tais sofrimentos são por amor a eles, pois que ela, na sua materialidade e destino sideral, após o perecimento da humanidade, continuará viva e renovável nos tempos futuros, tão futuros que não marcam tempo. Ela terá mais de 5 bilhões de anos para se renovar e, talvez, criar outros filhos ao modo que melhor lhe convenha.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

INTELIGÊNCIA É LOUCURA

Para variar um pouco o modo de abordar a tragédia por que passa o planeta, assunto muito sério e vital, que não está sendo levado AGORA em devida conta, mas que será objeto de atenção quando a situação não tiver mais retorno, apresentamos abaixo a letra de uma canção produzida pelo marcante cantor Moacyr Franco. Entendemos que, mediante profunda meditação sobre as vívidas palavras ali colocadas com extrema significação, o leitor poderá sentir a intensa angústia do autor quando de sua construção. Ela retrata, no nosso entender, a exata situação periclitante da vida e a desesperança da luta pela sobrevivência. Numa apreciação simplista, condensada, não nos hesitamos em registrar esta canção como um tratado completo de ecologia. A crítica é livre.

INTELIGÊNCIA É LOUCURA

Eu vi a flor se agarrando
Às asas de um colibri
Ela implorava chorando
Vê se me leva daqui.

A vida vai se acabando
Ai, ai, ai,
Nesse planeta infeliz.

À boca grande do homem
A terra já não resiste
O bicho foge do incêndio
O passarinho está triste.

Guariba cega e queimada
Ai, ai, ai,
Pergunta se Deus existe.

Quando o Tietê tá espumando
Ou quando a baleia berra
Às vezes fico pensando
Quem sabe é melhor a guerra.

É hora de ir embora
Ai, ai, ai,
E deixar livre esta terra.

De que valeu o progresso?
Pra que as duas culturas?
Um mundo louco possesso
Doença ao invés de fartura.

Queria ser um morango
Ai, ai, ai,
Inteligência é loucura.

Que seja um homem feliz
Quem tem num bicho um irmão
Quem deite e acorde sorrindo
E ensine ao filho o perdão.

Que seja a minha riqueza
Ai, ai, ai,
O que couber nesta mão.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

UMA VISÃO DA CRISE ECONÔMICA

Nesses últimos dias, temos tido conhecimento do pânico global dos encarregados de manter a lona do circo econômico em pé. Essa situação de derrapagem, em que as bolsas de valores mostram índices negativos, isto é, perda de dinheiro por parte dos investidores, indica apenas a conseqüência de atitudes irracionais e maléficas. É uma espécie de estado febril do mundo materialista, indicando que o conjunto estrutural, com base exclusiva em objetivos de lucro, não se sustenta por incompatibilidade de meios e objetivos.
Tal situação não é de alarmar. Afinal, só perde quem tem sobrando. Perde também quem não tem dinheiro, mas tem ambição de sobra. É sempre sobra; raramente afeta quem tem apenas o essencial.
Isso tudo começou quando, na ânsia desmedida e irresponsável de apossamento de bens, - dos que existiam e dos que não existiam – indivíduos inventaram de sacar sobre o futuro. Para ganhar mais, é claro. Crédito significa confiança; confiança no futuro. O crédito é altamente prejudicial para o sadio andamento dos meios de troca, o dinheiro, quando este é representativo de bens existentes. Por quê? Simplesmente porque antecipa para hoje o valor de bens que ainda vão ser produzidos, aí incluídos os essenciais (poucos) e os supérfluos (muitos). Em palavras simples: é um roubo ao futuro. O sistema mundial funciona nessa base. Significa diminuir as possibilidades do futuro (meio ambiente) em benefício da realização agora de lucros. Na verdade, isso tudo advém da adoração irracional, sob estado compulsivo, do deus dinheiro.
Vejam só a mentalidade deformada dos homens que governam o mundo. Em comentários recentes, informaram os economistas de governo que, ante o horizonte global recessivo, o PIB (ah, PIB!) médio geral para 2009 previsto em 5% deverá ser recalculado para “apenas” 2%. Em outras palavras, o punhal da ganância rumo ao coração do meio ambiente deverá ser empurrado “apenas” 2%.
Mas há um consolo. E importante. A roda produtiva de bens não essenciais (lixo) gira agora com menos velocidade. O ideal, seria que ela parasse por longo tempo. Com o funcionamento lento da máquina econômica, produzem-se menos bens de consumo espoliativo. O planeta, ainda não agonizante, terá pelo menos 3% de tempo para um suspiro. É um bem maior que o dinheiro todo do mundo, pois é um bem à Vida.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

BIOCOMBUSTIVEL, EQUÍVOCO SUICIDA

Nossos assuntos em defesa do meio ambiente geralmente versam sobre a Terra, o todo, o planeta. Hoje o foco de nossa conversa vai ser a terra, parte daquela mesma Terra, substância que em grande parte cobre a superfície dos continentes. É muito comum e conhecida de quase todos. Talvez por isso não se lhe dá a importante atenção que merece. Merece porque é o sustentáculo do habitat no qual reina, direta ou indiretamente, toda a vida que conhecemos.
Partimos do princípio de que não existe milagre. Tudo que existe é efeito de alguma causa. Pois bem, façamos um exercício mental. Imaginemos que em um terreno de 1m2 plantamos um grão de milho. Após, ocorrem alguns fatos notáveis. A planta ali nascida suga do solo parte dos elementos químicos de que necessita para manter a vida. Do ar, retira outros que, em combinação com a energia solar, lhe dão condições de transformá-la em tecido ou estrutura preparatória para a reprodução. Produzidas duas espigas, são elas arrancadas e comidas por um homem, sobrando naturalmente toda a estrutura esquelética. O normal seria esse cadáver ser mantido no local e, após, revertido aos elementos químico primários pela ação dos agentes microbianos (o que é demorado), reporia no solo parte do que foi dali retirado. Mas, usualmente, em função dos interesses econômicos, ele é queimado ou usado como ração de bovinos ou tem outra destinação imprópria, o que é compreensível... pois “tempo é dinheiro” e o local tem que ficar limpo para novo plantio.
Situação daquele terreno: ficou desfalcado em sais minerais correspondentes. Nosso homem da labuta rural conhece esse fenômeno, mas apenas na sua conseqüência, quando diz: “esse terreno está cansado”, que traduzimos para “esse terreno está esgotado, desfalcado de elementos básicos, pobre, deficiente, imprestável, causado pela atividade agrícola intensa, ambiciosa, desordenada e inconseqüente”.
De outro lado, o homem que comeu as espigas absorveu parte dos elementos de que tratamos e mandou para o esgoto o restante. Essa borra final foi levada pelos rios para a foz, onde se acumula no leito subaquático. Resumo da história: o homem retira uma parte dos elementos químicos da terra e os acumula no oceano. Isso se chama transformar. No conjunto, com muita gente, chuva em terra nua e máquinas como personagens, transformamos grande quantidade de alimentos inorgânicos, contidos na terra, em alimentos orgânicos que nos mantêm vivos, mas que afinal são descartados no mar. Esses elementos da terra são vida; não são energia locomotora. O que é terra? É a rocha decomposta. Um conjunto de rochas leva aproximadamente 200 anos para se transformar em uma camada de apenas 10 cm de terra.
Transformar os recursos naturais da terra em alimento tem a sua justificativa. Mas transformar alimento em combustível (energia locomotora) é o paroxismo da irracionalidade. Enquanto temos, segundo as últimas estatísticas, 1,5 milhão de pessoas passando fome, estamos preocupados com o deslocamento desnecessário de bens e pessoas, isto é, o conforto que gera lucro ao sistema econômico.
Alega-se que o petróleo é esgotável e o biocombustivel, não. Como procuramos arrazoar acima, o biocombustivel é esgotável, sim. E muito mais destrutível, pois pede áreas imensas de terra para cultivo, provocando maior desnudação desses espaços. Tudo em nome dos objetivos de ganha-ganha do sistema econômico da atual civilização. Pois que se esgotem os recursos petrolíferos que são subterrâneos e desnecessários à vida, mas se preservem os recursos naturais dos seres vivos, postos em função da necessidade básica de sobrevivência. Todos os povos primitivos cultuavam a terra, reconhecendo-a como a doadora de vida. Nós, os homens inteligentes e donos das verdades, a desprezamos. É o mesmo que desprezar a vida.
Nesse quadro de loucuras e desgoverno do planeta, enxergamos o momento em que teremos pessoas morrendo de fome, mas alegres e satisfeitas por estarem dirigindo um último modelo de automóvel.