domingo, 31 de março de 2013

PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE



REPASSANDO ESCLARECEDOR VIDEO SOBRE O TAL DO PROGRESSO. PROGRESSO  É DESTRUIÇÃO, CRIAÇÃO DE LIXO, DESNATURAÇÃO DA HUMANIDADE, EXTINÇÃO DA NATUREZA. E JÁ SOMOS MAIS DE SETE BILHÕES DE INDIVÍDUOS RUMO À DESTRUIÇÃO DA VIDA NO PARAIZO TERRESTRE, NOSSA MÃE-TERRA.



http://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU&feature=youtube_gdata_player

terça-feira, 26 de março de 2013

CHINA ULTRAPASSA ESTADOS UNIDOS

Autor: José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] A China era a maior economia do mundo até o início do século XIX. Foi superada pelo Reino Unido e depois pelos Estados Unidos. A China sofreu mais de um “século de humilhações”, como os chineses costumam se referir ao período de invasões, guerras e declínio contínuo de sua economia e de perda de influência política regional e internacional.
Mas a retomada do peso econômico da China e sua influência no cenário internacional começou a mudar depois dos acordos Mao-Nixon, de 1972, e, especialmente, depois da abertura econômica e comercial de 1978, liderada por Deng Xiaoping. O PIB chinês cresceu cerca de 10% ao ano nas últimas 3 décadas.
Mas a inserção da China no processo de globalização não se deu de maneira subalterna. Ao contrário, a China soube tirar proveito da conjuntura internacional para fortalecer um projeto de desenvolvimento nacional soberano que fez do país a “fábrica do mundo”, ao mesmo tempo que investia fortemente na educação dos jovens e na retirada de centenas de milhões de pessoas da pobreza.
Os dados do comércio internacional são bastante ilustrativos. No início da década de 1950 os Estados Unidos eram responsáveis por quase 20% das exportações globais. Estes números caíram rapidamente para cerca de 12% no início da década de 1970 e oscilaram neste patamar até a virada do milênio. Porém, na primeira década do século XXI a queda foi mais intensa e chegou ao baixo patamar de 8%.
O Brasil tinha uma participação de 2% no comércio internacional em 1950, mas veio perdendo posição e ficou longo período em torno de 1%. Na última década recuperou um pouco, mas não chegou nem em 1,5% do comércio global de mercadorias. Até 1985, o Brasil exportava mais do que a China, mas hoje em dia fica apenas aos pés do gigante asiático.
A China tinha apenas 1% das exportações mundiais quando Deng Xiaoping chegou ao comando do país. De lá para cá, a China se tornou a máquina mais eficiente de exportação do mundo, ultrapassando os EUA em 2009 e a Alemanha no ano seguinte, chegando a cerca de 11% do comércio internacional em 2012. Enquanto a balança comercial chinesa foi superavitária em 231,1 bilhões de dólares, a norte-americana foi deficitária em 727,9 bilhões de dólares, em 2012. Mas, em termos de importação, os EUA ainda superam a China, pois o nível de consumo dos norteamericanos é muito maior.
Contudo, quando se considera o volume de comércio – a soma de importações e exportações – a China ultrapassou os EUA no ano passado. Segundo reportagem do site da agência Bloomberg, o volume de comércio dos EUA foi de US$ 3,82 trilhões, enquanto o da China foi de US$ 3,87 trilhões, em 2012. A China está se tornando o principal parceiro bilateral para a maioria dos países do mundo.
Reportagem crítica do site Outras Palavras mostra que a América Latina está se convertendo em uma plataforma de exportação de produtos primários e commodities para a China, cuja função seria permitir a esta última assegurar e ampliar suas exportações – notadamente nos setores de eletrônica, indústria automobilística, têxtil, etc. As economias latino-americanas recebem agora 13% do total dos investimentos diretos externos (IDE) da China no mundo. Isso representa um montante estimado em 31 bilhões de dólares. A Cepal indica que 24 bilhões de dólares teriam sido diretamente investidos pelas empresas chinesas nos setores de recursos naturais, da indústria e dos serviços na América Latina. A reportagem conclui: “Embora participe desse importante movimento global, a América Latina continua largamente prisioneira de uma integração à economia internacional pelo aumento da ‘primarização’ de sua economia. Sua relação com a China confirma essa tendência”.
O sucesso econômico e comercial da China é inegável. Mas ao contrário dos períodos das grandes dinastias do passado, que tinham uma economia rural, de baixo consumo e sustentada na energia física dos músculos dos trabalhadores chineses, o atual poderio chinês é baseado em uma economia urbana, de elevado consumo de bens duráveis e altamente dependente de combustíveis fósseis (especialmente o carvão mineral, que é altamente poluente). O caminho atual escolhido pela China é insustentável, mesmo considerando que seus dirigentes façam investimentos corretos em energias renováveis e de baixo carbono, pois o sucesso econômico pode terminar em um grande desastre ambiental.
Portanto, a China não superou os EUA apenas no comércio global, mas também como principal agente da degradação do meio ambiente. Além da poluição da águas, das terras e do ar, a China se tornou o principal emissor de gases de efeito estufa e tem provocado diversos outros danos à natureza. Sem dúvida, a China caminha para se tornar a maior economia do mundo e, também, de forma preocupante, a “inimiga” número um dos ecossistemas e da biodiversidade da Terra.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Fonte: EcoDebate

quinta-feira, 21 de março de 2013

AS FUNDAÇÕES IDEOLÓGICAS DO CAPITALISMO


Autor: Valdeci Pedro da Silva

EcoDebate] É assim que está a humanidade na maior parte do planeta Terra. E a população humana, que ultrapassa sete bilhões de seres, ainda cresce assustadoramente, devastando o planeta, destruindo as outras espécies e todo o meio ambiente, e comprometendo a própria qualidade de vida, ao tempo em que vai caminhando em direção ao extermínio pleno. Mas tudo se faz em nome do desenvolvimento do capitalismo, que agora, a título de disfarce, é chamado de desenvolvimento sustentável.

O capitalismo dispõe de uma estrutura de apoio bastante robusta. Conta com um estado nacional muito bem estruturado para essa finalidade, o qual desempenha, entre outras, as funções de construir e manter uma infraestrutura – rodoviária, portuária, aérea, etc. – capaz de atender a todas as necessidades do sistema, de forma que o seu desenvolvimento seja contínuo, independentemente das limitações do meio ambiente. Ao sistema capitalista, interessa extrair da Terra, através de quaisquer meios, tudo que for possível, não importando as consequências ao meio ambiente e ao clima. Além dessas funções citadas, compete ao estado capitalista prestar uma assistência precária à saúde e à escolaridade das classes trabalhadoras, e cuidar da segurança patrimonial das empresas e da sua própria segurança. Evidentemente, essa é uma descrição simplificada das atribuições de um estado capitalista. Outro serviço, também sumamente importante, que o estado capitalista presta, e sem o qual o sistema seria inviável, é a divulgação velada e bem articulada da ideologia capitalista.

Na divulgação da ideologia do capitalismo, o estado atua integralmente, mas se destacam, na eficiência, o que chamam de educação e as campanhas eleitorais, as quais são organizadas, no caso particular do Brasil, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e têm a participação dos partidos políticos, que são em número de trinta, e do eleitorado, que será punido se não votar, como se houvesse cometido infração ou crime. A grande quantidade de partidos políticos não tem outra razão de ser que não seja, do lado do estado, a demonstração da existência de uma suposta democracia, e, do lado dos partidos políticos, o oportunismo para angariar algum poder no campo político. A obrigatoriedade do voto e a realização de eleições a cada dois anos, também não têm justificativa coerente, e constituem abusos de poder incontestáveis.

O que chamam de educação, de fato, equivale à preparação de mão de obra para o mercado de trabalho capitalista, mas, além disso, contribui para a formação de mentes subservientes, não críticas, isto porque as mentes jovens são submetidas às práticas escolares que objetivam, fundamentalmente, atender ao mercado de trabalho e divulgar a ideologia do capital. As famílias, em sua grande maioria conservadoras, estão, sempre, preocupadas com a subsistência de seus descendentes e desejosas de que estes consigam melhorar seus padrões de vida. Guiadas por esses interesses, contribuem, inconscientemente, para a alienação social de seus descendentes. Além de tudo isso, há uma brutal concorrência no mercado, que inviabiliza, às mentes jovens mais criativas, o desenvolvimento de atitudes críticas, perante a realidade.

A mídia e as religiões constituem verdadeiras fundações de sustentação do capitalismo, e desempenham trabalho supereficiente na divulgação de sua ideologia, tornando quase impossível às mentes jovens, mesmo as mais criativas e ousadas, submergirem desse oceano de influências perniciosas.

Ao atingirem a idade adulta, esses seres humanos, já moldados segundo os desígnios do sistema capitalista e das religiões, se apropriam das ideias recebidas na juventude e passam a transmiti-las aos seus descendentes, como verdades absolutas, inquestionáveis, e, assim, é formado o círculo que atravessa séculos e milênios, carregando uma humanidade presa às tradições religiosas, desprovida de senso crítico e incapaz de dar rumos ao seu próprio destino.

A humanidade, que tanto evolui no campo científico e tecnológico, parece empenhar todos os esforços para manter-se presa às tradições religiosas, e, assim, impedir o desenvolvimento de uma visão crítica da realidade que vivencia. Mas tudo isso acontece sob o comando do egoísmo, sentimento que alimenta as religiões e o capitalismo, os quais seguem o princípio de “cada um por si”, tornando cada ser humano em explorador de outros seres humanos ou em explorados.

A verdadeira educação tem um enorme trabalho a desenvolver para transformar esse quadro e impedir que a humanidade, guiada pelo capitalismo e pelas religiões, promova, inconscientemente, seu autoextermínio.

Valdeci Pedro da Silva é Arquiteto e Urbanista. E-mail: val.val2705@hotmail.com 
 Fonte:  EcoDebate,

 

 

domingo, 17 de março de 2013

10 TRANSGÊNICOS NA CADEIA ALIMENTAR

 
Autor: Thomas Pappon
No final de dezembro passado, a agência que zela pela segurança alimentar nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou para consumo um tipo de salmão geneticamente modificado, reacendendo o debate sobre a segurança dos transgênicos e suas implicações éticas, econômicas sociais e políticas.
É a primeira vez que um animal geneticamente modificado é aprovado para consumo humano.
Mas muitos consumidores nos Estados Unidos, Europa e Brasil, regiões em que os organismos geneticamente modificados (OGMs) em questão de poucos anos avançaram em velocidade surpreendente dos laboratórios aos supermercados, passando por milhões de hectares de áreas cultiváveis, continuam desconfiados da ideia do homem cumprindo um papel supostamente reservado à natureza ou à evolução – e guardam na memória os efeitos nocivos, descobertos tarde demais, de “maravilhas” tecnológicas como o DDT e a talidomida.
Boa parte do público ainda teme possíveis efeitos negativos dos transgênicos para a saúde e o meio ambiente.
Pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa, entretanto, indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma tendência de gradual mudança de posição da percepção pública.
As principais academias de ciências do mundo e instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são unânimes em dizer que os transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas.
O salmão transgênico, que pode chegar às mesas de jantar em 2014, será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo homem.
Vários produtos GM já estão nos supermercados, um fato que pode ter escapado a muitos consumidores – apesar da (discreta) rotulagem obrigatória, no Brasil e na UE, de produtos com até 1% de componentes transgênicos.
A BBC Brasil preparou uma lista com 10 produtos e derivados que busca revelar como os transgênicos entraram, estão tentando ou mesmo falharam na tentativa de entrar na cadeia alimentar.
Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das atuais lavouras do produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar que a pipoca consumida no cinema, por exemplo, venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos, ou ambos. Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs.
MILHO
O mesmo pode ser dito da espiga, dos flocos e do milho em lata que você encontra nos supermercados. Há também os vários subprodutos – amido, glucose – usados em alimentos processados (salgadinhos, bolos, doces, biscoitos, sobremesas) que obrigam o fabricante a rotular o produto.
O milho puro transgênico não é vendido para consumo humano na União Europeia, onde todos os legumes, frutas e verduras transgênicos são proibidos para consumo – exceto um tipo de batata, que recentemente foi autorizado, pela Comissão Europeia, a ser desenvolvido e comercializado. Nos Estados Unidos, ele é liberado e não existe a rotulação obrigatória.
ÓLEOS DE COZINHA
Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas – e cujas sementes são uma mina de ouro para as cerca de dez multinacionais que controlam o mercado mundial – chegam às prateleiras com a reputação “manchada” mais pela sua origem do que pela presença de DNA ou proteína transgênica. No processo de refino desses óleos, os componentes transgênicos são praticamente eliminados. Mesmo assim, suas embalagens são rotuladas no Brasil e nos países da UE.
SOJA
No mundo todo, o grosso da soja transgênica, a rainha das commodities, vai parar no bucho dos animais de criação – que não ligam muito se ela foi geneticamente modificada ou não. O subproduto mais comum para consumo humano é o óleo (ver acima), mas há ainda o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta misso, todos com proteínas transgênicas (a não ser que tenham vindo de soja não transgênica). No Brasil, onde a soja transgênica ocupa quase um terço de toda a área dedicada à agricultura, a CTNBio liberou cinco variantes da planta, todas tolerantes a herbicidas – uma delas também é resistente a insetos.
MAMÃO PAPAYA
Os Estados Unidos são o maior importador de papaya do mundo – a maior parte vem do México e não é transgênica. Mas muitos americanos apreciam a papaya local, produzida no Havaí, Flórida e Califórnia. Cerca de 85% da papaya do Havaí, que também é exportada para Canadá, Japão e outros países, vem de uma variedade geneticamente modifica para combater um vírus devastador para a planta. Não é vendida no Brasil, nem na Europa.
QUEIJO
Aqui não se trata de um alimento derivado de um OGM, mas de um alimento em que um OGM contribuiu em uma fase de seu processamento. A quimosina, uma enzima importante na coagulação de lacticínios, era tradicionalmente extraída do estômago de cabritos – um procedimento custoso e “cruel”. Biotecnólogos modificaram micro-organismos como bactérias, fungos ou fermento com genes de estômagos de animais, para que estes produzissem quimosina. A enzima é isolada em um processo de fermentação em que esses micro-organismos são mortos. A quimosina resultante deste processo – e que depois é inserida no soro do queijo – é tida como idêntica à que era extraída da forma tradicional. Essa enzima é pioneira entre os produtos gerados por OGMs e está no mercado desde os anos 90. Notem que o queijo, em todo seu processo de produção, só teve contato com a quimosina – que não é um OGM, é um produto de um OGM. Além disso, a quimosina é eliminada do produto final. Por isso, o queijo escapa da rotulação obrigatória.
PÃO, BOLOS e BISCOITOS
Trigo e centeio, os principais cereais usados para fazer pão, continuam sendo plantados de forma convencional e não há variedades geneticamente modificadas em vista. Mas vários ingredientes usados em pão e bolos vêm da soja, como farinha (geralmente, nesse caso, em proporção pequena), óleo e agentes emulsificantes como lecitina. Outros componentes podem derivar de milho transgênico, como glucose e amido. Além disso, há, entre os aditivos mais comuns, alguns que podem originar de micro-organismos modificados, como ácido ascórbico, enzimas e glutamato. Dependendo da proporção destes elementos transgênicos no produto final (acima de 1%), ele terá que ser rotulado.
ABOBRINHA
Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canada. Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.
ARROZ
Uma das maiores fontes de calorias do mundo, mesmo assim, o cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto, na promessa. Vários tipos de arroz estão sendo testados, principalmente na China, que busca um cultivo resistente a insetos. Falou-se muito no golden rice, uma variedade enriquecida com beta-caroteno, desenvolvida por cientistas suíços e alemães. O “arroz dourado”, com potencial de reduzir problemas de saúde ligados à deficiência de vitamina A, está sendo testado em países do sudeste asiático e na China, onde foi pivô de um recente escândalo: dois dirigentes do projeto foram demitidos depois de denúncias de que pais de crianças usadas nos testes não teriam sido avisados de que elas consumiriam alimentos geneticamente modificados.
 A Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conseguiu em 2011 a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o maior inimigo dessa cultura no país e na América do Sul. As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros – livre de royalties – em 2014, o que pode ajudar o país a se tornar autossuficiente no setor. É o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por uma instituição pública brasileira.
SALMÃO
Após a aprovação prévia da FDA, o público e instituições americanos têm um prazo de 60 dias (iniciado em 21 de dezembro) para se manifestar sobre o salmão geneticamente modificado para crescer mais rápido. Em seguida, a agência analisará os comentários para decidir se submete o produto a uma nova rodada de análises ou se o aprova de vez. Francisco Aragão, pesquisador responsável pelo laboratório de engenharia genética da Embrapa, disse à BBC Brasil que tem acompanhado o caso do salmão “com interesse”, e que não tem dúvidas sobre sua segurança para consumo humano. “A dúvida é em relação ao impacto no meio ambiente. (Mesmo criado em cativeiro) O salmão poderia aumentar sua população muito rapidamente e eventualmente eliminar populações de peixes nativos. As probabilidades de risco para o meio ambiente são baixas, mas não são zero…na natureza não existe o zero”.
E ESTES NÃO DERAM CERTO…
A primeira fruta aprovada para consumo nos Estados Unidos foi um tomate modificado para aumentar sua vida útil após a colheita, o “Flavr Savr tomato”. Ele começou a ser vendida em 94, mas sua produção foi encerrada em 97, e a empresa que o produziu, a Calgene, acabou sendo comprada pela Monsanto. O tomate, mais caro e de pouco apelo ao consumidor, não emplacou. O mesmo ocorreu com uma batata resistente a pesticidas, lançada em 95 pela Monsanto: a New Leaf Potato. Apesar de boas perspectivas iniciais, ele não se mostrou economicamente rentável o suficiente para entusiasmar fazendeiros e foi tirada do mercado em 2001.
Fonte: EcoDebate.
 
 

sexta-feira, 15 de março de 2013

ESPECISMO E ECOCÍDIO


Autor: José Eustáquio Diniz Alves

 [EcoDebate] Em 500 anos, o Brasil já destruiu 93% da Mata Atlântica e a maior parte das florestas de Araucária. Em cerca de 50 anos, especialmente depois da construção de Brasília e de estradas como a transbrasiliana, destruiu mais da metade do Cerrado. No século XXI, caminha a passos largos para destruir a Amazônia. Os cálculos indicam que o país já eliminou 20% da floresta e a destruição continua acelerada com o desmatamento, os grandes projetos de construção de usinas hidrelétricas, a expansão da pecuária e da soja, o crescimento das cidades e a difusão das madeireiras, da mineração e do garimpo.

Infelizmente o governo não tem nenhum plano para salvar a Amazônia. Ao contrário, o que existe são precários planos para reduzir o desmatamento, paralelamente ao incremento dos grandes projetos desenvolvimentistas (ou seja, na visão governamental, a destruição vai ser um pouco mais lenta).

Um relatório de janeiro de 2013, do Imazon, instituição que monitora o desmatamento por meio de imagens de satélite, mostrou que a destruição da floresta subiu em dezembro pelo quarto mês consecutivo. Após anos de razoáveis avanços no combate ao desmatamento, tudo indica que o problema voltou a se agravar, refletindo a expansão de fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e construtores para áreas antes inexploradas (inclusive áreas indígenas). Nos últimos cinco meses de 2012, o Imazon detectou a eliminação de 1.288 km2 (quilômetros quadrados) de matas, mais do que o dobro da área devastada no mesmo período de 2011.

A Amazônia sofre dois tipos de ameaças: 1) uma gestada internamente, em decorrência da ideologia desenvolvimentista; 2) e outra, vinda majoritariamente de fora, como resultado do aquecimento global e das mudanças climáticas.

Para exemplificar a primeira ameaça, basta olhar os projetos econômicos existentes. Além de Belo Monte e outras cinco usinas hidrelétricas em construção, o governo desenvolvimentista brasileiro planeja instalar pelo menos 23 novas hidrelétricas na Amazônia. Ao todo, essas 29 hidrelétricas devem gerar 38.292 MW, quase metade dos 78.909 MW produzidos pelas 201 usinas hidrelétricas em operação hoje no país. Sete delas, como as das bacias do Tapajós e do Jamanxim, serão feitas no coração da Amazônia, em áreas de floresta contínua praticamente intocadas. Outras estão em áreas remanescentes importantes de floresta amazônica, como o conjunto de sete hidrelétricas planejadas nos rios Aripuanã e Roosevelt, no Mosaico de Apuí, com impacto direto em 12 unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas.

A Amazônia é o novo Eldorado das forças produtivas e do empreendedorismo que, de maneira despudorada, desejam ampliar a dominação humana sobre a natureza. Com energia hidrelétrica virão a ampliação das cidades, das estradas, das fábricas, do comércio, dos carros e da expansão da pecuária e da agricultura. Para os políticos e/ou empresários, a Amazônia é a bola da vez. Eles falam em desenvolvimento não predatório, mas só faltou explicar como fazer este milagre.

Para exemplificar as ameaças advindas das mudanças climáticas, um estudo da Agência Espacial Americana (Nasa) revelou que uma área da floresta amazônica (equivalente a duas vezes o tamanho da Califórnia – 800 mil quilômetros quadrados) continuou sofrendo os efeitos de uma grande seca que começou em 2005. A pesquisa sugere que a floresta tropical amazônica pode estar mostrando os primeiros sinais de degradação em larga escala devido às mudanças climáticas. Durante o verão de 2005, mais de 700 mil quilômetros quadrados de floresta no sudoeste da Amazônia enfrentaram uma extensa e severa seca. A super seca provocou danos generalizados na cobertura florestal, com a morte de galhos e quedas de árvores, reduzindo o habitat para a fauna local.

O estudo mostra que embora os níveis de chuva tenham voltado ao normal nos anos seguintes, os prejuízos continuaram durante a segunda extensa seca que começou em 2010. Os pesquisadores acreditam que a região sul e oeste da Amazônia já está sofrendo os efeitos do aquecimento global. Esta situação pode indicar um círculo vicioso, pois enquanto as mudanças climáticas ajudam a destruir a Amazônia, a redução da floresta vai fazer aumentar o aquecimento global.

Por enquanto a Amazônia é nossa. Mas daqui a algumas décadas a Amazônia não será de ninguém, pois vai deixar de existir como uma floresta integral e deve se tornar uma região de ilhas de mata, cercadas pela destruição humana por todos os lados. O novo Código Florestal brasileiro não vai interromper a destruição das espécies e o crime de ecocídio. Queimadas, mineração, hidrelétricas, pecuária, crescimento das cidades, rodovias, etc, tudo isto, em conjunto, está destruindo a maior floresta tropical do mundo, para o beneplácito da espécie homo sapiens.

O que a Amazônia precisa não é de mais desenvolvimento, mas, talvez, de des-desenvolvimento. Quanto menos atividades antrópicas melhor. Há quem diga que o ideal é que a Amazônia fosse transformada em um grande parque natural (livre de toda exploração econômica), para a tristeza e raiva daqueles que defendem a extração das riquezas da biodiversidade amazônica em função e desfrute do progresso egoístico dos seres humanos nacionais e internacionais.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate

quarta-feira, 13 de março de 2013

A COBIÇA CEGA E O ESTADO SURDO

 
Autor: José Neumanne, jornalista, poeta e escritor
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), resultou da associação perversa e criminosa da cobiça cega de um capitalismo de vale-tudo, sem código de conduta nem esteio moral, com um Estado estroina, corrupto, incompetente e incapaz de garantir ordem, paz, segurança pública, a vida e a integridade física de seus cidadãos. Não se trata de um fenômeno exclusivo do subdesenvolvimento endêmico do qual países emergentes como o nosso parecem nunca sair, principalmente no que concerne ao espírito e às mentalidades. O mundo inteiro foi assaltado pela brutalidade da busca incessante da fortuna fácil e do desprezo ao trabalho e à conduta moral que deveria reger a vida em sociedade neste século 21, depois da visita à Lua e do telefone portátil, que conecta seu usuário com as notícias do dia, as cotações do mercado de capitais e as manifestações mais escabrosas da miséria humana. Incêndios em boates são comuns e ocorrem em ambientes fechados e abarrotados de material inflamável, produzindo assim vítimas de morte às centenas e crônicas de grosseria e insensibilidade, antes, e de comoção e solidariedade, depois.
No Brasil, a peculiaridade apresenta-se em algo que os comentaristas de arbitragem de futebol e os membros da Academia de Cinema de Hollywood chamariam de "o conjunto da obra". O incêndio da boate gaúcha ocorreu numa cidade que homenageia o espírito que se identifica com o afeto materno, a mãe do Salvador, que reúne em sua aura toda a luz da generosidade, do altruísmo, da capacidade de renúncia e da piedade que um mortal é capaz de sentir e expressar. O momento também é peculiar nosso: a maior seca dos últimos 30 anos no semiárido nordestino torna a escassez ainda mais cruel, as famílias desabrigadas pelas enxurradas na Serra e na Baixada Fluminenses ainda não têm um teto para abrigá-las e o sangue de policiais e inimigos da lei continua empoçado no asfalto precário das vielas da periferia da maior cidade da América do Sul. Às vésperas do carnaval, intempéries naturais, brutalidades pessoais e deficiências institucionais reduzem a expectativa de vida de seres humanos e animais numa tragédia que se repete e se amplia indefinidamente.

Nunca se saberá quantas das mais de 230 vidas ceifadas pelo fogo na boate Kiss seriam poupadas se seus proprietários houvessem obedecido às normas de segurança de edificações às quais acorrem multidões para ouvir, cantar, dançar e se divertir. Quem permitiu que aquele bando de jovens em busca da felicidade efêmera de uma balada arriscasse a vida em meio a fiações e equipamentos eletrônicos capazes de gerar faíscas que se transformariam em labaredas no material inflamável é um assassino serial em potencial e como tal deveria ser tratado depois de contados os cadáveres carbonizados e os prejuízos materiais. Quantos dos jovens imolados deixariam de ser incinerados se não tivessem sido barrados por agentes de segurança empenhados apenas em garantir o pagamento das comandas de consumo, em vez de permitirem a fuga de uma multidão empurrada para fora do lugar pelas chamas? Neste crime se acumpliciam donos e empregados, brutos adoradores do bezerro de ouro, que levam mais em conta a dívida do que a perda da vida.
Nesta Pátria da impunidade, madrasta malvada, quem acredita que alguém será punido? Quem já o foi? Os rústicos proprietários dos barcos apinhados de passageiros que naufragam no caudal da Bacia Amazônica ou nos fios de água do Velho Chico? Quem pagou pela plateia queimada no circo de Niterói, a maior tragédia de nossa história? Quem respondeu pelo afundamento do Bateau Mouche na Baía da Guanabara ou pelos prédios que desabam em reformas mal feitas no centro do Rio? Uma Justiça leniente acaba o serviço macabro que começa na cobiça, sua colega em matéria de cegueira crônica.
No meio do caminho entre o fogo dos sinalizadores e a falta de uso do martelo do juiz figura a incapacidade do Estado brasileiro - municípios, Estados e União - de produzir leis adequadas para proteger o cidadão que trabalha, mora ou se diverte e, sobretudo, de fazer com que as existentes, muito numerosas e pouco eficazes, sejam cumpridas. Os decibéis dos equipamentos eletrônicos da balada da Kiss não perturbaram o sono dos fiscais de Santa Maria, cujo gestor municipal fez vista grossa à desobediência das próprias posturas pelo estabelecimento comercial do qual nunca se omitiu de cobrar impostos. Municípios e o Estado do Rio não gastam um centavo do que recebem da União para prevenir enchentes em seu território, mas voltam a prometer a cada verão trágico novas providências, que nunca serão tomadas nem deles cobradas nas eleições.
A presidente Dilma Rousseff foi a Santa Maria e chorou com pena das famílias que o Estado abandona ao desamparo. Assim como o imperador dom Pedro II jurou que venderia o último diamante da Coroa para não deixar um cearense morrer de fome. Fê-lo mais de cem anos antes de os sertanejos continuarem perdendo tudo, até a própria vida, por causa da sede implacável. As imagens das ruínas da obra inacabada da transposição do Rio São Francisco sem que uma gota de água fosse levada à caatinga mais próxima são a denúncia mais deslavada da hipocrisia generalizada de gestores públicos que, desde o Império até hoje, garimpam votos valiosos na miséria que os donos do poder semeiam em suas posses e colhem na máquina pública que, eleitos pelos súditos, passam a pilotar. Os maganões da República mantêm-se no poder enganando os sobreviventes da seca do semiárido, das enxurradas da Serra Fluminense e deste incêndio em pagos gaúchos.
O Estado brasileiro - as elites dirigentes que se apropriam do dinheiro público no poder em municípios, Estados e na União - é cúmplice da cobiça assassina dos empresários sem lei. Só nos resta rezar por suas vítimas e amaldiçoar os algozes da cobiça cega e do Estado surdo. Já que terminarão impunes, que lhes seja reservado o fogo eterno do inferno.
Fonte: Fábio Oliveira

sábado, 9 de março de 2013

CORÉIA, COMO COMEÇA UMA GUERRA

Autor: Mauro Velado Neto 
   Temos visto, ultimamente, certos acontecimentos ocorridos na infeliz Coréia, pouco divulgados na mídia, mas com significados relevantes para toda a humanidade.
   Antes que se efetive uma disputa bélica naquela região, vamos tentar fazer uma análise isenta sobre as indicações que nos fornece o raciocínio. Aceitaremos de bom grado qualquer retoque ou contestação aos nossos argumentos, desde que não se baseiem em “achismos”.
   Todos conhecem os antecedentes de ambas as partes. O Norte e Sul têm regimes de governo diferentes. Não vemos santos em qualquer dos lados.  Sempre haverá um fato antecedente em favor de um ou de outro, mas para melhor enxergar a questão, devemos estabelecer um principio no tempo. Não existe efeito sem uma causa. E o tempo começa agora.
   Vemos os últimos acontecimentos da seguinte forma: um morador de Rio Grande do Sul viajou até uma cidade na divisa do Rio Grande do Norte. Ali, postou-se frente à casa de seu irmão gêmeo, a quem detestava, e  estourou diversas bombinhas no passeio, exatamente 5 cm do limite da casa, tomando todo cuidado para que nenhuma bombinha ultrapassasse o limite da casa, critério esse atentamente observado pelos dois irmãos; um de cada lado. Depois voltou para sua casa, lá no Rio Grande do Sul.
   Isso tem um nome indiscutível: provocação. A Coréia do Sul tem terras e mares suficientes para que, em segurança, fizesse seus exercícios militares. Mas não. Tem que ser exatamente nos limites do paralelo 38, linha imaginária que divide as duas partes.
   Quem provoca está demonstrando um desejo. O Sul quer guerra. O Norte já demonstrou que aceita uma situação efetiva de guerra. A receita está pronta e já na panela. Só falta alguém acender o fogo.
   Até aqui falamos de dois cãezinhos Chihuahuas, que nem sabem o que fazem. Ao lado deles, nas sombras e mexendo as amarras como se fossem os cordéis de fantoches, estão dois cachorrões enormes: EEUU e China, os verdadeiros beligerantes.
   Não nos esqueçamos de que os EEUU estão saindo de duas guerras: a do Iraque e do Afeganistão. Precisam de mais duas guerras, com a Coreia do Norte e com o Irã. Senão, como é que a monstruosa indústria bélica americana vai sobreviver? O gasto do governo com armamento é gigantesco. Além disso, é essa indústria que sustenta politicamente o titular e seu complexo dito "democrático".  

segunda-feira, 4 de março de 2013

POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO (IN)SUSTENTÁVEL

 
Autor: José Eustáquio Diniz Alves
 [EcoDebate] A discussão sobre população e desenvolvimento teve início no século XVIII, durante e após as Revoluções Sociais da Inglaterra (Revolução Gloriosa de 1688-89), dos Estados Unidos (Independência em 1776), da França (Revolução Francesa de 1789) e da Revolução Industrial e Energética. O fato é que, pela primeira vez na história da humanidade, abriu-se a possibilidade de um rápido crescimento dos fatores de produção (capital e trabalho, para além das disponibilidades de terra agricultável), junto a um processo que possibilitou o aumento continuado e de longo prazo da renda nacional per capita (significando maior produção por trabalhador).
Os iluministas do século das luzes eram defensores da ideia de progresso, e o desenvolvimento econômico dos séculos XIX e XX foi a maneira em que se materializou o avanço das forças produtivas. O “sucesso” de alguns países tornou o desenvolvimento um ideal a ser atingido por todos os povos. O crescimento econômico passou a ser considerado uma meta altamente desejável e um objetivo nacional inquestionável. Mas as visões sobre o crescimento populacional jamais tiveram a mesma unanimidade.
Ainda no século XVIII, alguns autores, como Adam Smith, William Godwin, o Marquês de Condorcet e David Ricardo viam o crescimento populacional como positivo para o crescimento econômico, enquanto Thomas Malthus achava que o crescimento populacional inviabilizaria qualquer ideia de desenvolvimento e crescimento da renda per capita (Malthus não enxergava a possibilidade de redução da pobreza no longo prazo).
Karl Marx também acreditava no desenvolvimento e não se preocupava com o problema populacional, pois defendia uma revolução nas relações sociais para que a população revolucionária (o proletariado) liderasse o progresso das forças produtivas e a melhoria da qualidade de vida das classes trabalhadoras. Este foi o caminho tentado na prática por Vladimir Lenin na Rússia e que serviu de inspiração para outras experiências socialistas. Lenin dizia que desenvolver é eletrificar e construir uma industria pesada. As experiências socialistas tiveram sucesso na mudança das relações de produção, mas foram um fracasso na implementação de uma nova base técnica mais amigável ao meio ambiente.
Os economistas Alfred Marshall, John Maynard Keynes e Gunnar Myrdal, dentre outros, defendiam a ideia de desenvolvimento capitalista com inclusão social e expansão das políticas públicas, o que foi colocado em prática após a Segunda Guerra Mundial em partes da Europa, no chamado Estado do Bem-Estar Social (Welfare State).
Nos países desenvolvidos e nos países socialistas o crescimento econômico e o aumento da renda per capita (juntamente com o aumento da urbanização, da educação, das condições de moradia, saúde, etc.) vieram acompanhados da transição demográfica, que é o processo de redução das taxas brutas de mortalidade e natalidade. Num primeiro momento, taxas de fecundidade próximas do nível de reposição (2,1 filhos por mulher) fizeram desaparecer as preocupações com o chamado “problema populacional” nos países desenvolvidos. A ideia era que o desenvolvimento resolveria os desafios populacionais. Porém, a população continuou sendo vista como um entrave nos países pobres, ou do Terceiro Mundo (na denominação de Alfred Sauvy), também chamados de países subdesenvolvidos, em desenvolvimento ou emergentes.
Os economistas e demógrafos W.W. Rostow, Arthur Lewis, Edgar Hoover e Ansley Coale escreveram sobre o processo de desenvolvimento no Terceiro Mundo e todos consideravam que o rápido crescimento populacional poderia ser um entrave ao desenvolvimento, na medida em que a alta carga de dependência demográfica das crianças e jovens seria concorrente do processo de formação da poupança agregada, indispensável para a elevação das taxas de investimento. Portanto, estes autores consideram que o caminho para o desenvolvimento no Terceiro Mundo estaria na redução do crescimento populacional e na manutenção de altas taxas de formação bruta de capital fixo, necessárias para a decolagem (take off) do desenvolvimento e a geração de emprego produtivo, com o consequente aumento da renda per capita.
Foi para resolver o problema populacional que se difundiu as prescrições neomalthusianas. Registra-se que, ao contrário de Malthus, os neomalthusianos propunham o freio da população por meio da limitação da fecundidade e não do aumento da mortalidade. Malthus achava que era impossível acabar com a pobreza. Os neomalthusianos acreditavam que seria possível acabar com a pobreza e avançar com o desenvolvimento econômico promovendo a transição da fecundidade.
Este debate, ganhou destaque nas décadas de 1960 e 1970 e esteve no centro das discussões da Conferência sobre População de Bucareste, em 1974. Os países ricos queriam promover o controle da natalidade, enquanto os países pobres queriam impulsionar o desenvolvimento. Venceram os segundos, com a seguinte palavra de ordem: “O desenvolvimento é o melhor contraceptivo”. Nota-se que, mais uma vez, o desenvolvimento foi apresentado e assumido como a solução para os problemas populacionais.
Todavia, as taxas de fecundidade caíram para níveis muito baixos (lowest-low fertility) na maioria dos países com alto nível de renda per capita, colocando em dúvidas a capacidade de reposição das gerações e acirrando os prognósticos sombrios sobre o envelhecimento da estrutura etária. Desta forma, por vias inversas, o “problema populacional” volta à cena dos países desenvolvidos. Mas ao invés da “explosão populacional” o desafio agora é a “implosão populacional”.
Por outro lado, a ideia de desenvolvimento já começava a ser questionada de maneira mais forte no início da década de 1970. O alerta foi dado pelo Clube de Roma e pelo relatório “Os limites do Crescimento” de Dennis e Donella Meadows, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Com a crise do petróleo nos anos 1970 e o agravamento das condições ambientais no mundo, foi lançado o estudo “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), também conhecido como relatório Brundland, publicado pela ONU em 1987. É a partir do relatório Brundland que se adota a clássica definição de “Desenvolvimento sustentável”: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
O relatório aponta para as seguintes medidas que devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável: limitação do crescimento populacional; garantia de recursos básicos; preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia), etc.
De certa forma estas medidas foram contempladas no documento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Cúpula da Terra, ou Rio/92. Porém, duas décadas adiante, durante a Rio + 20, diversos estudos mostraram que o “desenvolvimento sustentável” não tem sido nada mais do que uma maquiagem verde que mantêm os fundamentos da degradação ambiental. A chamada “Curva ambiental de Kuznets” tem servido apenas como um instrumento ideológico que tenta justificar a necessidade de aprofundamento do desenvolvimento econômico, pois a degradação ambiental só aumenta com o crescimento econômico.
Na verdade, tem avolumado o número de pessoas que consideram o desenvolvimento não como uma solução, mas como um problema, pois existe uma alta correlação entre crescimento econômico e destruição das fontes naturais da vida e da biodiversidade. Mesmo quando se vinculam os aspectos humano, social e qualidade de vida, o padrão de produção e consumo continua tendo um impacto negativo sobre os recursos ambientais. O problema não está apenas no desenvolvimento econômico e social, mas também no chamado desenvolvimento sustentável.
É claro que um desenvolvimento humano e “sustentável” é melhor do que o desenvolvimento selvagem e insustentável. Porém, a ideia de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável tem sido incapaz de resolver os graves problemas que estão se acumulando no mundo, tais como o aquecimento global e a depleção dos ecossistemas. O capitalismo não consegue ser ao mesmo tempo socialmente inclusivo, justo e ambientalmente sustentável. Adicionalmente, a ideia de desenvolvimento humano acaba por reforçar o viés antropocêntrico que coloca o bem-estar do homo sapiens acima do bem-estar dos demais seres vivos e do Planeta.
Desta forma, cresce, em todo o mundo, a percepção de que todo e qualquer tipo de desenvolvimento é prejudicial ao meio ambiente, na medida em que é baseado no modelo de aumento do consumo e da produção material. Por conta disto, alguns autores falam em desenvolvimento sem crescimento, como Tim Jackson no livro: “Prosperity without growth? The transition to a sustainable economy”, enquanto outros falam em Decrescimento, como Serge Latouche no livro “Pequeno tratado do decrescimento sereno” (Martins Fontes, 2009). A expressão “desenvolvimento sustentável” passou a ser vista como um oximoro. O mesmo acontece com o conceito de “economia verde” que também é visto como uma contradição em termos.
O certo é que as formulações envolvendo o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a dinâmica populacional não estão livres de críticas. O desenvolvimento é um processo complexo, com diversos efeitos indesejáveis, não estando, portanto, livre e acima das considerações minuciosas e da repreensão explícita. A única certeza atual é que os conceitos de população e desenvolvimento precisam ser mais debatidos e problematizados, especialmente quando se leva em conta o paradigma ecocêntrico.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br