AS CARACTERÍSTICA DA CRISE PLANETÁRIA
Autor: Helder Modesto
Vivemos agora os primeiros estágios de uma
crise planetária. É a primeira crise desse tipo, conhecida em toda nossa
história universal. Mesmo na antiga idade do gelo, somente havia perigo de vida
aqueles regiões da terra cobertas por formações glaciais. A presente crise, por
outro lado, é global porque o perigo não está confinado a uma determinada parte
do planeta. Os padrões de comportamento responsáveis pela crise são criados
pela febre da produtividade e do estilo de vida das sociedades industriais, sempre
no afã do progresso e desenvolvimento. Essa visão cientificista do progresso,
emulada pelo racionalismo do século XVII, teve Bacon e Descartes como os
precursores dessa corrida.
Enalteciam as vantagens do
progresso, transformando-o em um axioma inexorável.
Essa idéia acerca do progresso foi
desenvolvida mais tarde pelo pensamento de Marx e de Hegel. Marx e Hegel
acreditavam na perspectiva de uma evolução da humanidade, embora sofrendo
algumas crises ocasionais.
Esse ideal de progresso chegou até
os nossos dias, não com o brio e a confiança na sua prorrogação infinita de
antanho, mas coberto de resíduos ultratóxicos e ameaça de produzir catástrofes
de grandes proporções. Os armamentos criados pelo homem já são capazes de
destruir toda a terra de uma só vez. Mas, além disso, os efeitos do calor,
provocados pelo aquecimento global, do barulho e da poluição geral são de tal
ordem, que as condições de vida humanas se sujeitam de maneira crescente a
maiores sacrifícios e riscos da própria sobrevivência da nossa espécie.
É bom lembrar que a espécie humana é a espécie
de vida mais recente na face da terra. Enquanto a vida desenvolveu-se
ininterruptamente ao longo de mais de três bilhões de anos (3,8 bilhões é o
termo mais correto), há cerca de no Maximo 1 milhão de anos aqui surgiu o “homo
erectus”, dado por muitos antropólogos como a origem do homem na cadeia de sua
evolução física. Portanto, a mais frágil entre as inúmeras espécies de vida e a
que, logicamente, primeiro seria afetada.
Como poderemos sair dessa crise
planetária? A humanidade está tomando conhecimento dos seus limites? É possível
reverter esse quadro? Enfim, o que acontecerá daqui para frente?
Não há resposta conclusiva, assim como
não podemos fazer previsões para esse futuro sombrio da humanidade. Existem
muitos que nem tomam conhecimento do que está acontecendo, e isso se chama
alienação. Alienação tem inspirado a maior parte das políticas deste mundo. O
homem é um alienado quando se torna incapaz de entender as condições de seu
próprio bem-estar, do bem-estar dos outros e do bem-estar da natureza.
Marx atribuía importância fundamental à
alienação. Para ele a alienação era a expressão máxima da distorção humana
provocada pela economia capitalista. E, o capitalismo neste mundo globalizado,
graças à sua visão predatória, leva a competitividade, o consumo, a confusão e
ao espírito de incertezas que caracterizam e constituem baluartes do presente
estado de coisas. “A competitividade comanda nossas formas de ação”, não mais a
cooperação.
Finalmente, disse Fritjof Capra,
“nas décadas seguintes, a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa
alfabetização ecológica, da nossa capacidade de compreender os princípios
básicos da ecologia e de viver de acordo com eles”.
A humanidade, porém, não está vivendo esses
“princípios”, não há nenhum principio norteador no presente estagio da
humanidade; a não ser os da competitividade, alienação, consumismo, exploração,
e o vazio existencial que assola e tortura a falta de sentido de milhões.
Fonte: Fábio
Oliveira
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