terça-feira, 21 de dezembro de 2010

POR QUE AINDA ACREDITO EM PAPAI NOEL

Durante toda a minha vida acreditei e continuo acreditando na existência de Papai Noel, o bom velhinho. Aquele que vive numa casinha acolhedora assentada em meio às neves da Lapônia. Emprega seu tempo todo fabricando, com a maior boa vontade e prazer, brinquedos para as crianças do mundo. Sabe de suas responsabilidades para o final de cada ano e as cumpre com rigor. Nessa época, sai em seu majestático trenó, arrastado pelas sempre fortes, fieis e dedicadas renas na sua viagem pelo globo, semeando alegria e felicidade para os infantes.

Muitas pessoas me perguntam como sou capaz de ser simplório durante tão longo tempo. Respondo que o bom velhinho existe mesmo, pois não há motivo para não existir alguém inteiramente dedicado a fazer brotar a felicidade na alma das cândidas crianças, sejam elas americanas, iraquianas ou afegãs, todas iguais. Já notaram o quanto é sincero e transparente um bebê nas suas expressões faciais? E segue assim enquanto estiver ligado ao círculo familiar. Merece, por isso, ser protegido com afeto e amor pelos pais, até que a força da correnteza social individualista o arranque dali para engrossar seu caudal coletivo, padronizado nos moldes desejados pelo sistema do ganha-ganha.

Todos nós deveríamos acreditar nas boas virtudes do Papai Noel e fazê-las prosperar contra as violências incrustadas na sociedade. As pessoas, em geral, desconhecem o prazer e conforto que me proporciona a fé inabalável na existência do Papai Noel. É de admirar a presteza e satisfação com que o bom velhinho exerce sua função inteiramente gratuita. Conta ele com apenas aquele antigo trenó e indômitas renas que nunca se cansam. Nunca fez acordos espúrios com políticos, sistemas econômicos e jamais praticou a corrupção ou utilizou sua imagem imaculada para outros fins que não fosse o bem. Ele é o baluarte de esperança de todas as futuras gerações.

Eu tenho que acreditar naquela valorosa e perfeita obra celeste, pois a criança que ainda habita meu ser tem todas as condições necessárias para viver num mundo de bondade, solidariedade, honestidade, sinceridade, amor, pureza, autenticidade de sentimentos e senso de justiça e gratidão, principalmente para com nossa mãe Terra que nos fornece todos os recursos necessários à vida; a minha e a de toda a biodiversidade.

Hoje aquele fantástico sonho infantil, que se tornou um ideal, está inteiramente transformado e descaracterizado pelos danosos interesses religiosos e comerciais. As renas foram substituídas por imensos aviões cargueiros; apareceram milhares de falsos Papais Noéis que nada têm a oferecer, senão o estímulo ao consumo. Papai Noel, nesta atual civilização, é uma imagem utilizada como instrumento para arrancar da alma dos incautos todas as formas de desejos de bens materiais. Os brinquedos de outrora, inocentes mas poderosos, que mexiam com a imaginação infantil, foram expulsos de suas mentes e substituídos por outros modernos, monstruosos, que geram e exigem sentimentos de posse, poder, ganância e violência.

Essa onda insensível e arrasadora que varre, por igual, as mentes das crianças e adultos e que descaracteriza os autênticos valores da racionalidade humana, encontra no verdadeiro Papal Noel a resistência indômita e o abrigo seguro para os que não se conformam com a escravidão mental.

Não obstante o desvirtuamento e exploração mercantil que fazem desse heróico ancião, eu insisto em continuar acreditando no bom velhinho porque nele está a boa e justa causa, sintetizada na honestidade, sinceridade e justiça que um dia hão de suplantar as atuais adversidades.

Nesse mundo de tanta hipocrisia, falsidade e destruição de valores, alguém tem que se opor a essa avalanche.

E esse alguém só pode ser o bom e suave velhinho, o verdadeiro Papai Noel da reminiscência de todos nós.

2 Comentários:

Às 26 de dezembro de 2010 às 22:16 , Anonymous Anônimo disse...

concordo com você! se tenho que mesmo sem querer acreditar em tantas coisas ruins e que fazem mal, mas infelismente estão aí....porque não permitir a crença no bom e puro velhinho do bem!!!

 
Às 27 de dezembro de 2010 às 15:44 , Blogger Maurício disse...

Não só permitir. Praticar. Náo há desonra nenhuma em ser bom e justo.

 

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