2012 - RADIOGRAFIA DE UMA SOCIEDADE
Autor: Dib Curi
Durante séculos a humanidade tem contado histórias sobre o fim das civilizações e sobre as mudanças nos padrões da vida social.
Uma das histórias mais antigas que conhecemos, ainda sem comprovação científica, é a história de uma grande ilha chamada Atlântida. Este nome se deu porque estaria situada além dos Montes Atlas, no noroeste da África. O filósofo Platão confirmou esta história nos seus livros “Timeu” e “Crítias”. O filósofo Tales de Mileto foi amigo do Faraó Amásis que lhe contou também esta história.
São igualmente conhecidas as histórias que nos falam de um novo fim dos tempos que há de vir. Elas estão em livros e fatos como o “Apocalipse”, de João; as “Centúrias”, de Nostradamus; os “Segredos de Fátima” e os “Calendários Maias”, que o apontam à partir do ano de 2012.
Segundo os livros religiosos o fim das civilizações se dá pelo esquecimento do sentido mais profundo da existência. É sabido que cada ser humano tem um grande potencial existencial e espiritual e que a vida é uma oportunidade única de autoconhecimento e realização. Quando as civilizações se esquecem destes valores, sua razão de ser também desaparece. Em verdade, o fim das civilizações se dá pelo afastamento da humanidade da sua espiritualidade harmonizadora ancestral. Não estamos isolados; somos ligados à Terra.
O mundo contemporâneo
O mundo atual tem nos dado muitos sinais deste afastamento. As dificuldades e as rotinas se tornaram exclusivamente materialistas. Estamos ocupados demais com nossos afazeres e parece não haver tempo para uma rotina amorosa, pacífica e criativa. Todas as coisas se transformaram em mercadorias e está acontecendo uma carestia geral, aumentando a insegurança, a competição e o estresse.
A causa econômica
Os aspectos negativos do atual sistema econômico superam os aspectos positivos. Muitos dizem que este sistema é o único capaz de gerar tantas riquezas e de defender a liberdade. Por outro lado, nunca houve, na história, um sistema econômico que estimulasse tanto o individualismo e a superficialidade das pessoas.
Acontece um estímulo exagerado aos desejos para aumentar o consumo e os empregos. Mas o mercado não possui uma regulação ética e, por isto, acontece uma grande degradação ambiental, além de uma falta de realização da maioria das pessoas que alugam o seu tempo de vida com poucos momentos dedicados a melhoria pessoal. Acontece também uma febril especulação financeira em nome do lucro fácil. Vivemos o clímax de problemas sociais muito graves em função de uma desigual distribuição de oportunidades, gerando alienação, violência e corrupção de caráter.
É bom frisar que a mentalidade comercial ou mercantil é algo positivo e sempre existiu gerando riquezas e movimentando a sociedade. Mas ela tem que estar na base da sociedade e não no comando, simplesmente, porque se baseia no interesse individual e coorporativo. Ela estimula demais a competição e não a solidariedade. Os interesses coletivos não podem se restringir aos interesses econômicos. A política não pode servir a economia.
O problema político
Thomas Hobbes, (1588-1679), dizia que precisamos de um governo muito forte porque senão viveríamos numa guerra constante de todos contra todos, pois “o homem é o lobo do homem”. Por outro lado, Jean J. Rousseau, (1712-1778), disse que o homem era naturalmente bom e era a civilização que nos corrompia.
Sem entrar no debate se o homem é bom ou ruim, o fato é que os governos foram criados para defenderem o interesse coletivo diante da força do interesse individual e do egoísmo humano.
Todavia, os políticos, “escolhedores do caminho social”, parecem resignados aos caminhos econômicos e ocupados demais em defender seus privilégios. Contudo, as principais funções políticas são:
a - dar oportunidades aos menos favorecidos e excluídos;
b - criar um ambiente social de desenvolvimento dos talentos e vocações, através da educação e da cultura.
c - garantir o desenvolvimento social, o respeito às Leis, aos direitos humanos e aos ecossistemas.
A corrupção do caráter
A sociedade de consumo quebrou tradições importantes ligadas a valorização da Terra, da comunidade e da espiritualidade. Em lugar da lealdade e da solidariedade temos a competição e o individualismo. Ao invés do autoconhecimento e da integração com a natureza temos o desejo insaciável de coisas externas e a insana exploração ambiental. O individualismo nos isola numa grande solidão e faz imperar o vale tudo para sobreviver e prosperar. Vivenciamos um processo de auto corrupção e esvaziamento de valores pelo medo e pela busca ansiosa de segurança, prazer ou uma vida de aparências.
Paralelamente, acontece um processo de idiotização do povo, onde tudo se faz para torná-lo “abestado” e consumista. Segundo o filósofo Max Sheller; “A relatividade dos valores vitais causa a corrosão do caráter que se manifesta em doença, mal crônico e contagioso”.
Pouco antes do fim da civilização grega, o filósofo Sócrates, antes de morrer, se despediu da vida, dizendo as seguintes palavras no tribunal: “Tu, um ateniense, da cidade mais importante, cuidas de adquirir riquezas, fama e honrarias, e não te importas da razão, da verdade e de melhorar quanto mais a tua alma?"
Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com
fabioxoliveira.blog.uol.com.br/
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