DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Depois do relatório acusatório dos cientistas do Painel Intergovernamental da ONU, já ouvimos e lemos mais de duzentas palestras, entrevistas, informações, discursos, proferidos por pessoas que, institucionalmente, são autoridades ou se sentem autoridades no assunto ambiental. Todas são unânimes em tratar o problema vivencial do planeta de uma forma inteiramente em desacordo com a realidade. Pior ainda: defendem que o desenvolvimento deve ser feito de forma sustentável.
Eu me sinto agredido em minha inteligência ao ouvir alguém defender o desenvolvimento sustentável. Sinto que tal discurso está sendo dirigido a um rebanho de carneiros, a quem compete apenas balançar a cabeça, como concordância cômoda e irracional. E os participantes da engrenagem econômica repetem e defendem o mesmo bordão, porque conveniente aos seus interesses de ganância. Vem-me à idéia a imagem de alguém querendo me enfiar um enorme punhal na altura do coração, dizendo-me que isso me faria bem pois se trata de simplesmente de um punhal curativo. Ou os arautos da sabedoria estão inteiramente equivocados, provando assim que são incapazes de enxergar o obvio – o que os levaria à categoria de imbecis – ou estão munidos da satânica ferramenta lingüística da má-fé.
Uma breve análise do lema empunhado mostra sua verdadeira natureza. Desenvolver significa (vide dicionários): crescer, aumentar, progredir, expandir, tornar-se maior. Sustentar significa (vide dicionários): segurar, suportar, conservar, manter, reprimir, conter. Tradução: crescimento contido. É o mesmo que dizer: esfera quadrada; copo cheio vazio; tristeza feliz, e coisas que tais. Isso se chama paradoxo, absurdo, contradição. O que o planeta precisa, e com urgência, é de reversão civilizacional, reversão geral. Geral, mesmo, aí incluídos os fatores econômicos e populacionais. Até o momento, é possível reverter o rumo do suicídio. Daqui vinte anos a situação será irreversível.
1 Comentários:
Realmente, Maurício "desenvolvimento sustentável" é uma incoerência. Parece-me uma expressão cunhada para enganar, para tentar passar a idéia de que, observando-se o que se convencionou chamar de sustentabilidade ambiental, pode-se destruir a natureza porque ela irá se recompor. E é óbvio, não é bem assim que as coisas acontecem.
O homem quer explorar a natureza. Extrair dela tudo o que possa ser convertido em lucro. Mas, maquiavélico, sabe que irá sofrer resistências. Então, para tentar ludibriar as autoridades e a opinião pública, cunha esses tipos de expressão.
A palavra "ecológico(a)" começa a aparecer por todos os lugares. "Madeira ecológica", "móvel ecológico", "carro cológico","papel ecológico", "ar condicionado ecológico" e por aí vai.
Realmente, chega a ser uma agressão à nossa inteligência. Mas, infelizmente, tem funcionado e assim eles vão, aos poucos destruindo e esgotando os recursos da natureza.
Nós, ecologistas profissionais ou de coração, somos taxados de fanáticos e de obstrutores do "progresso".
Acho que temos de fazer uma corrente de "blogs verdes" e desmistificar a farsa, alertar, protestar, protestar, protestar...
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