quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A PROSTITUIÇÃO DA COISA PÚBLICA

Autora: Sueli Meirelles, psicóloga
Não nos bastasse o Big Brother Brasil, como demonstrativo da decadência da cultura nacional, um outro Big Brother atraiu os olhares da população, na última semana. A mídia – o Olho que tudo vê - apontou para os bastidores do poder, onde o erário público estava sendo tratado de maneira vil e promíscua, sem os mínimos valores éticos que deveriam nortear aqueles a quem cabe gerir os bens públicos. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, alí estava institucionalizada a prostituição da coisa pública, como meio de obtenção de prazer para aqueles que perderam seus valores existenciais.
Como estamos vivendo os estertores agonizantes de uma civilização decadente, não nos surpreende que tenhamos, hoje, os mesmos padrões éticos e morais que levaram tantas civilização antigas à extinção: Ênfase na satisfação dos desejos e acúmulo de bens materiais.
Quando analisamos os modelos de comportamento da primeira metade do século passado, observamos que havia uma pressão social muito forte para que as pessoas agissem de acordo com a moral da época e aquele que se desviasse desse modelo pré-estabelecido, tornava-se objeto de forte discriminação e preconceito social.
Na segunda metade do século passado, a cultura vigente privilegiou a ética do oportunismo e do lucro imediato, dissociado da capacidade de trabalho e da produtividade do indivíduo, o qual buscava enriquecer através de negociatas e especulações financeiras, deixando cair no esquecimento os valores defendidos até então. Esse afrouxamento permitiu que aqueles que procuravam manter as aparências de uma conduta honesta, apenas pelo medo da censura socal, tornassem explícita sua verdadeira natureza. Hoje, cada cidadão está totalmente livre para exercer sua ética pessoal por foro íntimo, sem que sofra qualquer tipo de pressão em relação a isto.
Neste momento evolutivo, separa-se o joio do trigo. Para que se desenvolva a verdadeira ética, cada cidadão tem total liberdade de ser o que verdadeiramente é. Aqueles que no meio do atual caos social, expressam valores morais e éticos não o fazem por medo da censura mas, pelo contrário, compõem uma minoria social, muitas vezes ridicularizada pela maioria que preferiu a inversão valores que orientam suas vidas.
Dentro deste contexto, o episódio da semana passada, afigura-se como uma fênix renascendo das cinzas da civilização materialista em extinção. Nas palavras do próprio Secretário “Se eu não puder entrar pela porta da frente, a vida não vale a pena ser vivida.” Talvez este seja o ponto de partida para o retorno dos valores morais que se perderam. Quantos, entre os que se propõem a direcionar os rumos políticos deste país, sabem qual o sentido de suas próprias vidas? Quantos sabem, efetivamente, para que vieram ao mundo e que papel têm a desempenhar na sustentação da sociedade a que pertencem? Quantos, ao chegarem ao final da estrada terrena, deixarão aqui registradas as suas passagens, com alguma contribuição significativa e digna? Quantos sairão daqui moralmente mais endividados ainda? Com seus padrões éticos distorcidos, cristalizados pela idade, não parece viável esperamos que consigam reverter tal modelo de mundo. Para eles já é tarde demais...
Entretanto, para os pais e educadores, integrantes deste povo tão espoliado em seus direitos, mas que ainda têm nas mãos a tarefa de formar as novas gerações, fica a responsabilidade de resgatar os valores éticos fundamentais para uma sociedade futura mais justa e equilibrada. Uma sociedade para a qual os registros dos arquivos televisivos de hoje sejam apenas uma triste lembrança, de um tempo em que a cegueira humana chegou até a alma. Um tempo de escuridão moral que esperamos que não volte nunca mais a nos envergonhar de sermos brasileiros.
Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com
 
 
                                  

1 Comentários:

Às 18 de outubro de 2012 às 11:40 , Blogger ira disse...

Ola Maurício,só vou repetir uma parte do texto que vai abaixo.

Como estamos vivendo os estertores agonizantes de uma civilização decadente, não nos surpreende que tenhamos, hoje, os mesmos padrões éticos e morais que levaram tantas civilização antigas à extinção: Ênfase na satisfação dos desejos e acúmulo de bens materiais.

Tudo foi dito e estamos mais próximos do que imaginamos de um novo recomeço.

 

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