A PROSTITUIÇÃO DA COISA PÚBLICA
Autora: Sueli Meirelles, psicóloga
Não nos bastasse o Big Brother
Brasil, como demonstrativo da decadência da cultura nacional, um outro Big
Brother atraiu os olhares da população, na última semana. A mídia – o Olho que tudo
vê - apontou para os bastidores do poder, onde o erário público estava sendo
tratado de maneira vil e promíscua, sem os mínimos valores éticos que deveriam
nortear aqueles a quem cabe gerir os bens públicos. Como se fosse a coisa mais
natural do mundo, alí estava institucionalizada a prostituição da coisa
pública, como meio de obtenção de prazer para aqueles que perderam seus valores
existenciais.
Como estamos vivendo os
estertores agonizantes de uma civilização decadente, não nos surpreende que
tenhamos, hoje, os mesmos padrões éticos e morais que levaram tantas
civilização antigas à extinção: Ênfase na satisfação dos desejos e acúmulo de
bens materiais.
Quando analisamos os modelos
de comportamento da primeira metade do século passado, observamos que havia uma
pressão social muito forte para que as pessoas agissem de acordo com a moral da
época e aquele que se desviasse desse modelo pré-estabelecido, tornava-se
objeto de forte discriminação e preconceito social.
Na segunda metade do século
passado, a cultura vigente privilegiou a ética do oportunismo e do lucro
imediato, dissociado da capacidade de trabalho e da produtividade do indivíduo,
o qual buscava enriquecer através de negociatas e especulações financeiras,
deixando cair no esquecimento os valores defendidos até então. Esse
afrouxamento permitiu que aqueles que procuravam manter as aparências de uma
conduta honesta, apenas pelo medo da censura socal, tornassem explícita sua
verdadeira natureza. Hoje, cada cidadão está totalmente livre para exercer sua
ética pessoal por foro íntimo, sem que sofra qualquer tipo de pressão em
relação a isto.
Neste momento evolutivo,
separa-se o joio do trigo. Para que se desenvolva a verdadeira ética, cada
cidadão tem total liberdade de ser o que verdadeiramente é. Aqueles que no meio
do atual caos social, expressam valores morais e éticos não o fazem por medo da
censura mas, pelo contrário, compõem uma minoria social, muitas vezes
ridicularizada pela maioria que preferiu a inversão valores que orientam suas
vidas.
Dentro deste contexto, o
episódio da semana passada, afigura-se como uma fênix renascendo das cinzas da
civilização materialista em extinção. Nas palavras do próprio Secretário “Se eu
não puder entrar pela porta da frente, a vida não vale a pena ser vivida.” Talvez
este seja o ponto de partida para o retorno dos valores morais que se perderam.
Quantos, entre os que se propõem a direcionar os rumos políticos deste país,
sabem qual o sentido de suas próprias vidas? Quantos sabem, efetivamente, para
que vieram ao mundo e que papel têm a desempenhar na sustentação da sociedade a
que pertencem? Quantos, ao chegarem ao final da estrada terrena, deixarão aqui
registradas as suas passagens, com alguma contribuição significativa e digna?
Quantos sairão daqui moralmente mais endividados ainda? Com seus padrões éticos
distorcidos, cristalizados pela idade, não parece viável esperamos que consigam
reverter tal modelo de mundo. Para eles já é tarde demais...
Entretanto, para os pais e
educadores, integrantes deste povo tão espoliado em seus direitos, mas que
ainda têm nas mãos a tarefa de formar as novas gerações, fica a
responsabilidade de resgatar os valores éticos fundamentais para uma sociedade
futura mais justa e equilibrada. Uma sociedade para a qual os registros dos arquivos
televisivos de hoje sejam apenas uma triste lembrança, de um tempo em que a
cegueira humana chegou até a alma. Um tempo de escuridão moral que esperamos
que não volte nunca mais a nos envergonhar de sermos brasileiros.
Fonte:
Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com
1 Comentários:
Ola Maurício,só vou repetir uma parte do texto que vai abaixo.
Como estamos vivendo os estertores agonizantes de uma civilização decadente, não nos surpreende que tenhamos, hoje, os mesmos padrões éticos e morais que levaram tantas civilização antigas à extinção: Ênfase na satisfação dos desejos e acúmulo de bens materiais.
Tudo foi dito e estamos mais próximos do que imaginamos de um novo recomeço.
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