terça-feira, 20 de outubro de 2009

NEGÓCIOS AMBIENTAIS VÃO BEM

A jornalista Miriam Leitão esteve na Inglaterra e nos dá notícias de que Londres é a capital mundial dos negócios ambientais.
Textualmente, informa que “Cape Farewell faz eventos culturais ligados à mudança climática. Futerra é uma agência de marketing sobre o tema. IPPR é um centro de estudos sobre o problema. The Climate Group, criado por Tony Blair, identifica negócios na área. The Carbon Trust dá selo de qualidade de baixo carbono”, acrescentando que, ao visitar tais empresas, não ouviu falar em crise econômica, havendo grande procura pelos seus serviços. Diz um dos entrevistados pela jornalista que “este não é um problema científico apenas. É político, econômico, social.” Acrescentaríamos que é um problema total, de conseqüências catastróficas.
A empresa Futerra cresceu tanto que já se tornou multinacional. É especializada em comunicação ambiental. Sua presidenta ensina que os cientistas falam de derretimento do gelo com a conseqüente elevação do nível dos mares e tragédias nos próximos 30 anos. Acrescenta que “ninguém quer saber. As pessoas não têm empatia por um bloco de gelo. Têm é por pessoas, por animais. O sonho mobiliza. Por isso, é preciso primeiro mostrar o sonho e mostrar que o estilo de vida sustentável é mais elegante e desejável”
A jornalista esclarece que “na semana que passei em Londres, vi uma sucessão de negócios e iniciativas que estão surgindo debaixo do guarda-chuva da mudança climática.”
É isso aí. O mundo empresarial está fazendo uso sórdido da própria desgraça. Enxerga a tragédia prevista como um filão de oportunidade de negócios lucrativos. É um sintoma cruel e incurável da estrutura socioeconômica em que vivemos. E essa estrutura é um equívoco civilizacional.
Está em plena ascensão a nova qualificação profissional “gestor ambiental” que ocupam cargos de gerência e até diretoria. A procura de tais acadêmicos tem sido grande pelas empresas que querem se manter “modernas” e “atualizadas”. As faculdades têm oferecido cursos pós graduação nessa área. Já li um programa escolar da espécie. Tudo é, em resumo, bla-bla-bla. A tônica é sempre o “desenvolvimento sustentável”, que, como já tivemos oportunidade de explicar, equivale a uma injeção de morfina aplicada diretamente no cérebro. E temos visto o resultado do trabalho desses profissionais nas etiquetas e manuais de produtos industrializados, nas propagandas, em eventos.
O empresariado brasileiro já enxergou que, com a provável candidatura de Marina Silva para a presidência, o foco, o tema, o assunto, o ambiente midiático, a linguagem, girará em torno da problemática ambiental, elevando-a de importância e relevo em todas as classes sociais. E já estão se movendo com mais empenho nesse rumo, porque pegam carona na divulgação publicitária. Para ilustrar o assunto abordado neste artigo, citamos resenha de alguns anúncios publicados, com destaque nesta semana, numa revista semanal de grande circulação: Walmart Brasil: “Sustentabilidade para o Walmart não fica só no papel.” Braskem: “Matéria prima usada em carros da fórmula 1: plástico reciclado. CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz): “Produzir e utilizar energia de forma sustentável...” Coca-Cola: “Construção de fábricas verdes...” Itaú: “Criamos um fundo de investimento que contribui para o combate às mudanças climáticas.”
A desgraça alheia proporciona lucros a outros. Sempre foi assim. Mas, agora, com a identificação científica de que a humanidade está cavando a própria sepultura, a desgraça será total, envolvendo a todos, inclusive os demais seres vivos inocentes. Antevemos que a vingança da Natureza será terrível.

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