quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

AÇÃO E REAÇÃO

Esse é o ponto mais importante no momento para um perfeito entendimento do grave problema do meio ambiente. Referimo-nos ao interregno entre a ação e a reação. É lei básica, natural, de que à ação corresponde uma reação de força igual e em sentido contrário. Essa reação natural sempre se manifesta, mas o espaço de tempo entre a causa e o efeito varia muito segundo as circunstâncias. O não entendimento dessa correlação leva-nos a ignorar o maior perigo que já surgiu para a biodiversidade do planeta: o desequilíbrio definitivo das condições ambientais, cuja estabilidade e permanência são fundamentais para o ato de viver.
O que leva muitas pessoas a não enxergar essa hecatombe é justamente o grande tempo entre a ação de envenenamento e degradação que a atividade econômica vem realizando, e os malefícios visíveis e sensíveis que virão. Deve-se levar em conta que esses males vêm sendo praticados lenta, cumulativa e exponencialmente a partir da revolução industrial do século XVIII, acentuando-se muito a partir da década de 1980. Outro pormenor a ser observado é o de que o tempo na medida humana é muito pequeno, enquanto a Natureza faz suas contas em escala astronômica, isto é, as conseqüências virão muito tempo depois de praticada a degradação. Um ferimento no braço é feito em um segundo; o restabelecimento do tecido ofendido é feito lentamente, imperceptível, e requer diversos dias. A Natureza demora, mas não esquece. Executar a ação é esperar a reação.
Outro aspecto importante dessa visão é que o ecossistema se restabelece das feridas até certo limite, até onde lhe é possível. E essa marca já foi ultrapassada em 25% ou mais, por conseqüência das atividades gananciosas das corporações que conduzem a atual civilização e cujos objetivos são ilimitados.
Quando um meteorologista anuncia que vai chover nos próximos dois dias, ele não está adivinhando, está interpretando os sinais da Natureza. No caso ambiental, ela já está dando sinais de desequilíbrio climático, mostrando o degelo dos pólos e pontos elevados, da elevação das águas oceânicas, secas intensas, partículas em suspensão no ar. São apenas os primeiros atos de reação. Ainda há tempo para que haja uma reversão das conseqüências mais graves, mas isso impõe situações dolorosas, como a renúncia aos confortos materiais. Se não houver esse sacrifício hoje, amanhã o caos será a paga. E o primeiro ato para evitar ou suavizar esse destrutivo rumo civilizacional será a formação de um governo global que deverá implantar a administração ambiental. Isso porque tal problema não é de países – que na verdade não existem – mas é do mundo. Viu-se recentemente em Copenhague a cabal demonstração dessa necessidade. E urgente.
O desconhecimento desse descompasso entre a ação e reação constitui a grande ilusão da humanidade, que agora se ocupa de assuntos secundários como guerras, festas, confortos, lucros, ganâncias cegas. Essa acomodação dos pseudos governantes, pois não passam de representantes do sistema econômico, levará o nosso meio ambiente para uma situação irreversível, isto é, para a impossibilidade de vivência. Em que se constitui nosso meio ambiente? É um tênue espaço de 4.000 metros em torno do planeta, onde ainda existem ar, água e terra produtiva.
Estamos no ano de 2010, início de uma década que deveria ser de atividades radicais para preservação de nossas condições básicas de existência. Será uma década histórica, uma encruzilhada vital.
Atualmente, o nosso único lar, a Terra, está com um processo insidioso de doença, cujos sintomas mais graves ainda não surgiram, mas já deram os primeiros sinais. Está ela contaminada com infecções civilizatórias, cujas ações produzem diversos tipos de bactérias mortais: progresso, lucro, festas, ganância, poder, tecnologia, mentiras, irresponsabilidades e umas pequenas sementes inocentes.
Hoje, estamos plantando sementes de fel. A desídia da humanidade levará a fazê-las nascer, crescer e se impor com o amargor que lhe é próprio. Elas só precisam de uma coisa: tempo. E isso nós lhes estamos concedendo.

2 Comentários:

Às 31 de janeiro de 2010 às 12:33 , Blogger ira disse...

MAURICIO,
PARABENS,POR ESSA MATÉRIA.
COMO SEMPRE,REPITO,MEIA DUZIA DE REPORTATENS OU POSTS OU VALHA-ME SEJA LA QUE TIPO DE DIVULAÇÃO SE USE,DESSE TIPO OU ASSEMELHADO, E SERÁ POSSIVEL PROLONGAR A VIDA DO SISTEMA NATURAL DO PLANETA E CONSEQUENTEMENTE COM A RAÇA HUMANA A BORDO.
SÃO MATÉRIAS COMO ESSA QUE PODEM E DEVEM SER SEMPRE DIVULGADAS E ENSINADAS,PENA NÃO FAZER PARTE DE CURRÍCULO ESCOLAR DE BASE,POIS MUITO ESTÁ SE PERDENDO COM ESTAS CHAMADAS DE ATENÇÃO PARA O DESASTRE EMINENTE EM APROXIMAÇÃO,PARA NOSSO PESAR,OU MELHOR,PESAR DAS FUTURAS GERAÇÕES,SE HOUVER.
INFELISMENTE PARA NOS HUMANOS,A MOEDA MAIS UMA VEZ SERÁ A RUÍNA DA CIVILIZAÇÃO,SÓ QUE DESTA VEZ,A ATUAL.
MAS,COMO ETERNOS SOMOS EM ESSÊNCIA
OU ENERGIA ESPIRITUAL,ENTÃO MAIS UMA VEZ VAMOS APRENDENDO,NO AMOR NÃO DÁ ENTÃO VAI NA DOR.

 
Às 31 de janeiro de 2010 às 16:18 , Blogger Maurício disse...

Caro Ira,
Agradeço sua opinião e o estímulo que me dá.
Gostaria de conhecer seu e-mail.
Fico aguardando.

 

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