quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

OUVIR A VOZ DO VALE

Uma sábia reflexão sobre o tempo que não pode ser desprezada; deve ser compartilhada com nossos leitores. Com efeito, o tempo é uma criação abstrata para, no seu legítimo significado, designar o movimento. Onde não há movimento, não existe o tempo. Àqueles que pensam, ouvem e enxergam o ecossistema como imutável, acautelem-se. O tempo é silencioso. Por isso as pessoas costumam não lhe dar atenção. É aí que reside o grande perigo de seu poder de mudanças. O momento histórico por que passamos é uma ocasião de grandes transformações em nossos recursos de vivência, provocadas pela insanidade dos que não sabem nem conseguem ouvir, enxergar e pensar. O artigo a seguir, de um modo poético, está nos alertando para as belezas que estamos destruindo e pela oportunidade de salvação da biodiversidade que estamos perdendo. O tempo é irrecuperável. Não volta atrás jamais.
Autor: Shundo Aoyama Rôshi
Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com
Fabioxoliveira.blog.uol.com.br/

“A água do rio flui sempre, sem cessar. Flui rápida, não pára um só instante e se vai. Seu murmúrio evoca em mim o eco do tempo.
A água do tempo brilha no leito do Universo, sempre correndo, fluindo. Pedras, árvores, casas e cidades também fluem vagarosamente nesta correnteza, assim como os seres. Tudo isso pode parecer imutável, mas na verdade essa idéia não passa de uma ilusão.
Apenas nós, seres humanos, acreditamos erroneamente que tudo é imutável. Esforçamo-nos para não sermos levados pela correnteza e lamentamos por tudo que se vai. No entanto, mesmo sofrendo e desdobrando-nos, caindo sete vezes e nos levantando oito, não há como parar o fluir, que envolve também nossa dor e nossa luta.
Ao invés disso, é melhor ver as coisas como são e nos juntarmos a essa correnteza, com suavidade. Apenas assim poderemos encontrar prazer na fugacidade das coisas, uma vez que é justamente essa fugacidade que tece as mais diversas figuras na tapeçaria da vida.
Quando tudo está em silêncio, a voz do rio é alta e clara. Durante a caminhada seu som se atenua. E ao final, a voz do vale desaparece completamente. É muito interessante. Por que será? O som do rio do vale aumenta, diminui, desaparece, mas não é o rio que muda. Quando as ondas de nossa mente se acalmam, podemos ouvir o sermão sem palavras da água, das gotas, da erva, das árvores, dos seixos e das montanhas nos ensinando a transitoriedade de todas as coisas. Quando surgem pensamentos, todos se calam. Na verdade, eles não deixam de falar; nós é que perdemos a capacidade de ouvi-los.
O que acontece com nossos ouvidos também acontece com nossos olhos. Quando o olhar da mente é límpido, vemos tudo como realmente é, de modo natural. Mas assim que os olhos se distraem com objetos externos, não vemos mais. Perdemos a capacidade de ver corretamente. Sons e imagens nos atacam, nos arrastam, nos puxam. Coisas que deveríamos ver, não vemos. Coisas que deveríamos ouvir, não ouvimos. Não é assim?
Se escutarmos o rio sem atenção, a água que corre parece ter um ritmo constante e ininterrupto. Entretanto, nenhuma gota d'água passa duas vezes sobre a mesma pedra. Não é nunca a mesma gota que forma o leito do rio ou o murmúrio da correnteza. A imutabilidade é apenas uma ilusão dos olhos e dos ouvidos humanos. Uma vez que tenha passado, a água não corre nunca mais no mesmo ponto do rio.
A vida humana não é diferente. Acreditar que ontem é igual a hoje é resultado de nossa ignorância e insensibilidade. São nossas mentes e nossos olhos iludidos que vêem o passado igual ao presente. Os olhos iluminados vêem claramente a imagem das coisas em eterno movimento e reconhecem que um instante é diferente de qualquer outro.”

1 Comentários:

Às 20 de janeiro de 2010 às 01:03 , Anonymous Laurenir Medeiros disse...

Acho que apesar de tudo falta educação ambiental nas escolas,sempre vemos projetos de desenvolvimento sustentalvel..mas sobre educação ambiental muito pouco temos que educarmos primeiro a nossa nova geração e aos seus pais assim praticariam na sua escola e em sua vida..tenho sertesa que iriamos mudarmos muito..

 

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