POR QUE FRACASSOU A CONFERÊNCIA DE COPENHAGUE?
Conforme artigos anteriores, já tínhamos previsto o insucesso da COP 15. Face à importância daquela reunião para o mundo como um todo, o conhecimento das causas do fato será proveitoso à análise transparente, realista e imparcial do ocorrido.
Faltou coragem aos principais governantes naquela assembléia. Coragem é renúncia à própria vida ou interesses em benefício da espécie, ação própria de heróis, cada vez mais raros na terra. Essa situação surge quando o homem se defronta com o medo, ocasião em que seus genes e mente decidem uma das duas opções: fugir ou lutar. No caso em exame, os participantes com poder de decisão arrostaram-se com o medo e preferiram fugir.
Eles sabem que serão extremamente prejudicados – em alguns casos, perdendo a própria vida – se tomarem as decisões corretas, lógicas e redentoras que o meio ambiente está exigindo, pois têm a consciência de que não dispõem de sua livre vontade. Sabem que são prisioneiros do sistema econômico que os sustentam politicamente e mantêm efetivamente todas as forças existentes em seus países, ai incluídas as financeiras, políticas e armadas, sustentáculos do arcabouço econômico. Ações concretas em benefício do ambiente equivalem a suicídio pessoal. Sabem que, no caso de assumirem o confronto, vão habitar o ostracismo do corpo ou da alma, e que o sistema manterá o mundo conformado aos interesses econômicos. Por isso, eles não se arriscam.
A verdade precisa ser dita: os chefes de estado não possuem poder de decisão. Participam duma reunião desse quilate apenas como fantoches. O verdadeiro poder mundial está nas mãos do capital anônimo, invisível, internacional. Esse poder não está satisfeito com os 98% do mundo em suas mãos. Ainda faltam os 2% representados por Cuba, Irã, Iraque, Afeganistão e Coréia do Norte.
A cabeça, o núcleo, o centro mentor desse poder real já não está tão escondido. Foi claramente identificado pelo ex-presidente dos EE.UU, general Eisenhower, no final de seu mandato de 8 anos, em 1961. No discurso de despedida, alertou a nação de que o poder efetivo na área de governo era o complexo industrial-militar.
Essa palavra, “complexo”, abrange todo o sistema industrial americano porquanto os gastos militares daquele país são tão vultosos e sistêmicos que encobrem os demais interesses econômicos em geral. Para se ter uma idéia, o orçamento para 2010, recentemente aprovado, consigna 672 bilhões de dólares para os gastos militares, enquanto que as verbas para a saúde e educação são inferiores. Essa dotação é maior que todos os gastos militares do resto do globo. Não foi imprópria a expressão empregada por Chaves, presidente da Venezuela, na COP 15, quando designou Barack Obama de ganhador do prêmio Nobel da Guerra.
O poder mundial está nas mãos de fanáticos adoradores do deus dinheiro, inconscientes, egressos de outro mundo e que, para foco de marketing e consumismo, promovem circos ambientalistas. Eles não sabem, e o mundo também não sabe, que esses donos do poder são o câncer de um corpo ( a mãe Terra) que ainda fornece à biodiversidade os meios de vivência, mas cujas reservas já estão desfalcadas em 75% de sua capacidade renovadora.
Nem o Sol, com sua potência energética e pujança de ciclos vitais, consegue aplacar a ganância infinita daquele câncer mortal.
Ainda não lemos o relatório final da Conferência de Copenhague, escrita em inglês, com mais de 200 páginas, mas somos capazes de traduzi-lo perfeitamente para o português brasileiro:
“Nós, os representantes dos 192 países do mundo nos reunimos e decidimos que não somos a favor nem contra; antes pelo contrário.”
1 Comentários:
Carissimo Gomide:
seus pontos de vista são incontestáveis quanto as causas do aparente insucesso da Conferência. No entanto, houve uma vitória esmagadora da Humanidade contra os poderes políticos que dominam o mundo através deste sistema financeiro (capitalista) que só favorece as minorias que lhes pagam. É o começo do despertar da consciência popular de que é grave a situação da “Nossa Casa” e que novas iniciativas deverão partir de baixo para cima como a restrição do consumo supérfluo e a redução gradativa da população mundial através do controle e da seletividade dos nascimentos.
Parabéns pela clarividência. Abraços,
Antídio
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