sábado, 28 de novembro de 2009

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A HUMANIDADE

Difundir, pelos meios ao nosso alcance, argumentações ambientalistas, pautadas em fatos reais do momento e fundamentadas pelo raciocínio lógico, é obrigação de todo defensor da Natureza. É o que fazemos a seguir, expondo à apreciação dos leitores deste blog o importante artigo lavrado pelo jornalista e escritor Celso Lungaretti. Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com - fabioxoliveira.glog.uol.com.br/

“Não será como o místico Antônio Conselheiro previu. O sertão não vai virar mar, nem o mar virar sertão. Pelo contrário, o sertão ficará ainda mais árido e o mar vai encorpar-se com o derretimento de geleiras. Tempestades, tufões, furacões, maremotos e tsunamis se tornarão bem mais devastadores. A desertificação de outras áreas avançará. Safras vão ser destruídas e a fome aumentará. A água que estará sobrando em alguns quadrantes, vai faltar em outros. Imensos contingentes humanos terão de deixar seus lares e buscar a sobrevivência alhures. Como uma amarga ironia, podemos dizer que o Brasil finalmente se igualará aos países desenvolvidos: haverá retirantes também no 1º Mundo.

Isto é o que se pode concluir da parte já divulgada do quarto relatório de avaliação da saúde da atmosfera produzido pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), órgão da ONU que congrega especialistas de 40 países. Uma novidade é que agora existe uma quase certeza científica de que as alterações climáticas provêm mesmo da insensatez humana, causadora de uma concentração inédita dos gases que provocam o efeito estufa na atmosfera. Fabricamos demasiados automóveis e queimamos demasiadas florestas. A conta está chegando.

Esse relatório, que sintetiza as contribuições de 600 autoridades no assunto, permite antever que a escalada catastrófica virá crescendo, intensificando-se sobretudo na segunda metade do nosso século. E nada há a fazer para impedi-la, pois os danos causados já são irreversíveis. Nem que todos os veículos motorizados do planeta parassem imediatamente de circular, a temperatura deixaria de subir. Vêm tempos difíceis e a humanidade terá de passar por eles.

Mas, para que haja um século 22, teremos de corrigir a partir de agora nosso modelo econômico, deixando de priorizar o lucro em detrimento do meio ambiente. O atendimento das expectativas de cada consumidor não é um mandamento divino, nem o planeta está aí para se sujeitar eternamente à faina predadora dos humanos. Teremos de aprender a respeitá-lo, a conviver harmoniosamente com ele. Somos seus locatários, não seus donos. Se continuarmos dilapidando insensivelmente a propriedade, o senhorio nos expulsará. É simples assim.

A grande questão é: o capitalismo comporta uma mudança radical das prioridades humanas? Existe alguma conciliação possível entre o direcionamento obsessivo dos esforços humanos para a obtenção do lucro e o imperativo de os homens trocarem a competição pela cooperação, fundamental para a travessia das próximas décadas e para a correção de rumos que se impõe?

A resposta é óbvia: não. O alerta lançado na década de 1960 por filósofos como Herbert Marcuse e Norman O. Brown está sendo confirmado da maneira mais dramática. O capitalismo, com a prevalência dos interesses individuais sobre as necessidades coletivas, leva à destruição da humanidade, num quadro em que os recursos indispensáveis à sobrevivência da espécie humana são finitos e têm de ser aproveitados de forma racional e compartilhada.

A contagem regressiva está em curso. Resta saber se seremos capazes de transcender nossas limitações e nossa cegueira, passando a colocar em primeiro plano “nós” e “os que virão depois”. Pois o mundo do egoísmo e da ganância deixará de existir, de um jeito ou de outro.”

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