quarta-feira, 29 de junho de 2011

SOCIEDADE HUMANA E SUA DECADÊNCIA

  O conjunto humano pode organizar-se de diversos modos. A evolução e a dinâmica de cada um produzem atritos de diferentes aspectos, o que leva tais grupos sociais à guerra ou a procura pela harmonia a fim de garantir as respectivas existências. Vamos tentar fazer pequena análise desse assunto.  

  A própria Natureza, inteligência criadora, nos ensina como proceder na organização sociológica. Ela criou, desde os tempos imemoriáveis, resultante do exercício evolutivo de milhões de anos, o protótipo desse vínculo segundo a natureza de cada estirpe. Na  espécie humana, instituiu a família, modelo perfeito de aglomeração de indivíduos. Básica e logicamente, essa organização se compõe de pai, mãe e filhos.

  O pai, pelos atributos genéticos, ostenta musculatura desenvolvida que indica suas funções. Ele será o chefe, responsável, provedor, guia, comandante, lutador. A mãe, fisicamente subordinada ao chefe, o complementa constituindo o casal, verdadeira unidade vital.  A mãe  é portadora da principal função existencial, pois é a geratriz, alimentadora e educadora da prole nos primeiros anos. Os filhos têm apenas uma função: aprender. Aprendem do pai e da mãe. Vivem num ambiente de solidariedade, amor e justiça.  

  Essa é a organização básica que nos foi legada para servir de norma; é produto de um instinto inteligente. Suporta qualquer crítica, mantendo-se incólume.   

  Com o passar do tempo e atuação das forças evolucionárias, a dinâmica familiar cresce numericamente e se transforma numa grande família, sem perder a estrutura genética e os valores próprios da língua e tradições culturais, seus sinais mais visíveis de identidade.

  Na escala de desdobramento cíclico, ocupam seus lugares os avós, irmãos, tios, sobrinhos, primos, noras, genros. Esse conjunto, que se organiza pela descendência, passa a ter o nome de clã.  Estrutura-se com o suporte da presença e atuação do chefe superior do clã,  cuja principal função é distribuir obrigações e justiça, pois todos são seus “filhos”, ou descendentes.  

  Quando o chefe entende conveniente para a saúde social, pode expulsar da comunidade alguma ovelha negra ou acolher de outros grupos as fêmeas ou machos casadouros. Enquanto não chegarem a adultos, as crianças têm uma só ocupação: aprender a ser adultos. Por isso, a grande importância da educação.

  Os bens e alimentos são naturalmente, por índole e sentimento de justiça, distribuídos igualmente entre todas as subfamílias segundo suas necessidades. Tal como fazia o patriarca, quando era apenas pai, em relação a todos os seus descendentes. Não havia ricos nem pobres. Por isso, desconheciam essa aberração social. Se ocorresse eventual escassez de algo essencial, todos se privam dele sem qualquer sentimento de injustiça, pois o reconhecimento da igualdade de direitos está arraigado e consolidado no inconsciente, desde a infância.

  Conforme as situações externas, que exercem fortíssima influência nos componentes de uma comunidade, esses clãs podem diminuir  ou aumentar numericamente. Mas, dentro de certo limite, mantendo a estrutura natural tradicional.  

  Quando cresce muito, transforma-se em nação, mas não perde os valores de sua identidade e estrutura primordial como mostra a existência ainda hoje de diversas comunidades primitivas igualitárias por esse mundo afora. Releva-se como exemplar para o homem moderno a sociedade constituída pelos silvícolas ainda não contagiados pelas mazelas do materialismo dos ditos civilizados.    

  Reconhecendo a igualdade e justiça como valores aglutinantes da verdadeira sociedade, os idealistas atuais têm formado diversas comunidades, como as ecovilas, cooperativas e sociedades alternativas. O sistema comunitário também estrutura as sociedades religiosas de diversos matizes.  

  Quando um conjunto se agiganta pelo crescimento nominal e perde o controle organizacional pela complacência do chefe fraco ou omisso, algum dissonante finca um pau no chão e declara para os demais: “este pedaço de terreno é meu.” Para isso, inventou uma palavra que não existia; propriedade. Imagine-se a dificuldade dos demais em entender o que significa propriedade, palavra abstrata, advinda de uma volúpia egoística personalística, um momento de loucura existencial?

   Daí em diante, alguém vendo o exemplo num ambiente sem autoridade por deterioração moral ou cumplicidade do chefe, fincou outro pau logo adiante e disse as mesmas palavras. Pronto. Estava iniciada a primeira corrosão social do mundo, com a introdução do conceito materialista de valor. A injustiça passou a ser um valor diferenciador básico. Esse foi o começo da introdução do sistema econômico na norma social, duas entidades completamente distintas que vivem em simbiose para a desgraça da grande parcela fraca, miserável e ignorante.

  Daí em diante, a História registra a evolução da sociedade, não mais composta de clãs, mas de um amontoado de humanos que passou a se chamar povo. Nesse cadinho social, por contágio, os componentes adquiriram uma exasperada cobiça que levou o ambiente normal a se transformar em um banquete perverso e permanente onde cada indivíduo procura devorar seu semelhante. Não há mais irmandade. Todos são inimigos conviventes que mantêm um relacionamento voltado exclusivamente para seus interesses individuais. Os recursos da natureza passaram a ser saqueados, perdendo-se o respeito e gratidão para com a mãe-Terra. Ficou um ambiente favorável à violência – produto do desamor – produzindo como consequência um grande grupamento disforme, completamente inferior, injustiçado e desnaturado.

  É o que hoje se vê a todo lado, em qualquer circunstância. É um ambiente revoltante para os bons e honestos que sofrem testemunhando tamanha miséria e injustiça.

  Os párias são mantidos anestesiados pela ignorância geral e universal, propiciados pelo obscurantismo das crenças religiosas, do analfabetismo mental e oferta abundante de diversionismos de várias categorias.

  E quanto maior a população mundial, mais se acentuam as injustiças e contradições sociais provocadas pelo maior apetite da classe argentária.





 

      

1 Comentários:

Às 4 de julho de 2011 às 17:46 , Blogger ira disse...

Oi Maurício.
Meu caro,esta cópia abaixo é uma triete realidade mundial mas,muito pior e mais triste ainda é que ela é feita sob medida para o Brasil atual,ou seja ;

Os párias são mantidos anestesiados pela ignorância geral e universal, propiciados pelo obscurantismo das crenças religiosas, do analfabetismo mental e oferta abundante de diversionismos de várias categorias.

Chego a pensar que,PARECE PÃO E CIRCO,OU TALVEZ,PENSO QUE O MAIS CERTO É SÓ CIRCO.

 

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