O MUNDO NÃO ACABOU, POR ENQUANTO
Autor: José Eustáquio Diniz
Alves
[EcoDebate]
Algumas interpretações do calendário Maia diziam que o mundo vai acabar no dia
21/12/2012, uma sexta-feira. Estou escrevendo na véspera e não sei o que vai
acontecer. Mas não existem sinais evidentes de que haja algum meteoro ou alguma
atividade solar extrema que vá destruir a Terra, de supetão.
Provavelmente,
o mundo vai acordar no mesmo ritmo atual, no dia 22/12/2012. Mas isto não quer
dizer que o mundo, tal como conhecemos, não vá acabar, pois, se depender do ser
humano, a natureza e os ecossistemas estão com os “dias contados”. As ameaças
ao Planeta não devem vir do espaço ou da invasão de alienígena, mas sim das
atividades endógenas de um “câncer” que consome e destrói a diversidade da vida
na Terra.
O prêmio Nobel de Química
de 1995, o holandês Paul Crutzen, avaliando o grau do impacto ambientalmente
destruidor das atividades humanas afirmou que o mundo entrou em uma nova era
geológica: a do ANTROPOCENO. Este termo, que tem antigas raízes etimológicas
gregas significa “época da dominação humana” e representa um novo período da
história da Terra em que o ser humano se tornou a causa da escalada global da
mudança ambiental.
A humanidade tem afetado
não só o clima da Terra, mas também química dos oceanos, os habitats terrestres
e marinhos, a qualidade do ar e da água, os ciclos de água, nitrogênio e
fósforo, alterando os diversos componentes essenciais que sustentam a vida no
planeta. Cerca de 30 mil espécies são extintas a cada ano. A humanidade está
provocando a redução da biodiversidade da Terra.
O biólogo E. Wilson
considera que a humanidade é a primeira espécie na história da vida na Terra a
se tornar numa força geofísica destruidora. Nas últimas seis décadas, na medida
em que o PIB mundial crescia e os recursos naturais eram canalizados para o
desfrute do consumo e do bem-estar humanos, houve uma investida exponencial
sobre todos os ecossistemas do Planeta. O progresso humano tem significado
regresso ambiental e extinção de inúmeras espécies.
Portanto, talvez o
Antropoceno seja a última Era geológica/antropológica do Planeta Azul. Mesmo
acordando felizes em 22/12/2012, com os nossos direitos humanos mais ou menos
respeitados, os rumos da economia, provavelmente, vão continuar enfrentando em
choque com a biodiversidade, ao mesmo tempo em que provocam a redução ou a
extinção de várias espécies, vítimas da fúria antropocêntrica
Fonte:
Ecodebate, 26.12.12
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