ESPECISMO E ECOCÍDIO: 100 MILHÕES DE TUBARÕES MORTOS POR ANO
Autor: José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate]
O especismo é uma discriminação humana contra as outras espécies. Entre as
agressões mais cruéis contra os animais sencientes está a prática do “Finning”
– que é a captura e o corte das barbatanas do tubarão ainda vivo, sendo que,
após a amputação, o resto do animal é jogado ao mar, onde, depois de muito
sofrimento, acaba morrendo. As pessoas, em geral, têm medo de tubarão, mas são
os tubarões que têm muitos motivos para temer os humanos.
A cada ano, cerca de 100
milhões de tubarões são mortos por esta prática cruel que causa tantos danos às
suas populações. As barbatanas de tubarão são consideradas uma iguaria em
algumas partes do mundo, principalmente no leste asiático. Em Hong Kong, por
exemplo, uma sopa de barbatana de tubarão pode chegar a valer 100 dólares,
tornando este tipo de pesca um grande negócio para os pescadores. Com o
crescimento demográfico e a ascensão social de crescentes contingentes de
asiáticos, esta prática vem se tornando cada vez mais comum.
Recentemente, alguns
países, como os Estados Unidos da América (EUA), já proibiram o “finning” de
tubarões. Mas este crime de especismo é muito difícil de ser evitado em outros
locais, principalmente porque os tubarões não possuem fronteiras nacionais,
pois são “senhores” dos oceanos, mas ironicamente são escravos da maldade
humana. O “finning” continua sendo praticado em muitas partes do mundo, em
especial, nos pontos extremos, como a América do Sul e a Austrália,
contribuindo para o declínio das diversas espécies. O tubarão-azul, por
exemplo, está em grave perigo de extinção, pois estima-se que 90% das
barbatanas retiradas são desta espécie.
A sopa de barbatanas é um
prato tradicional chinês, que a cultura antropocêntrica diz ser afrodisíaca e
trazer sorte e inúmeros benefícios à saúde. Atualmente, é servida
principalmente em casamentos e outras celebrações. Cerca de um terço de todo o
consumo anual é feito no ano novo chinês.
Mas por meio da mobilização
e da luta de ONGs e ambientalistas junto a restaurantes e grandes hotéis ao
redor do mundo, a maior cadeia de hotéis na Ásia, Shangri-La, com mais de 72
hotéis, retirou os pratos à base de barbatanas do cardápio antes das
festividades de casamento e de ano novo.
Além da mobilização dos
defensores do meio ambiente e da biodiversidade, é preciso criar uma lei
internacional condenando a matança de tubarões como mais um tipo de crime
contra o ecosistema. Interromper a eliminação dos tubarões é mais uma forma de
luta para erradicar o ecocídio da face da Terra.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate,
é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais
e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE;
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