AS FUNDAÇÕES IDEOLÓGICAS DO CAPITALISMO
Autor: Valdeci Pedro
da Silva
EcoDebate] É assim que está a humanidade na maior parte
do planeta Terra. E a população humana, que ultrapassa sete bilhões de seres,
ainda cresce assustadoramente, devastando o planeta, destruindo as outras
espécies e todo o meio ambiente, e comprometendo a própria qualidade de vida,
ao tempo em que vai caminhando em direção ao extermínio pleno. Mas tudo se faz
em nome do desenvolvimento do capitalismo, que agora, a título de disfarce, é
chamado de desenvolvimento sustentável.
O capitalismo dispõe de uma estrutura de apoio
bastante robusta. Conta com um estado nacional muito bem estruturado para essa
finalidade, o qual desempenha, entre outras, as funções de construir e manter
uma infraestrutura – rodoviária, portuária, aérea, etc. – capaz de atender a
todas as necessidades do sistema, de forma que o seu desenvolvimento seja
contínuo, independentemente das limitações do meio ambiente. Ao sistema
capitalista, interessa extrair da Terra, através de quaisquer meios, tudo que
for possível, não importando as consequências ao meio ambiente e ao clima. Além
dessas funções citadas, compete ao estado capitalista prestar uma assistência
precária à saúde e à escolaridade das classes trabalhadoras, e cuidar da
segurança patrimonial das empresas e da sua própria segurança. Evidentemente,
essa é uma descrição simplificada das atribuições de um estado capitalista.
Outro serviço, também sumamente importante, que o estado capitalista presta, e
sem o qual o sistema seria inviável, é a divulgação velada e bem articulada da
ideologia capitalista.
Na divulgação da ideologia do capitalismo, o
estado atua integralmente, mas se destacam, na eficiência, o que chamam de educação
e as campanhas eleitorais, as quais são organizadas, no caso particular do
Brasil, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e têm a participação dos
partidos políticos, que são em número de trinta, e do eleitorado, que será
punido se não votar, como se houvesse cometido infração ou crime. A grande
quantidade de partidos políticos não tem outra razão de ser que não seja, do
lado do estado, a demonstração da existência de uma suposta democracia, e, do
lado dos partidos políticos, o oportunismo para angariar algum poder no campo
político. A obrigatoriedade do voto e a realização de eleições a cada dois
anos, também não têm justificativa coerente, e constituem abusos de poder
incontestáveis.
O que chamam de educação, de fato, equivale à
preparação de mão de obra para o mercado de trabalho capitalista, mas, além
disso, contribui para a formação de mentes subservientes, não críticas, isto
porque as mentes jovens são submetidas às práticas escolares que objetivam,
fundamentalmente, atender ao mercado de trabalho e divulgar a ideologia do
capital. As famílias, em sua grande maioria conservadoras, estão, sempre,
preocupadas com a subsistência de seus descendentes e desejosas de que estes
consigam melhorar seus padrões de vida. Guiadas por esses interesses, contribuem,
inconscientemente, para a alienação social de seus descendentes. Além de tudo
isso, há uma brutal concorrência no mercado, que inviabiliza, às mentes jovens
mais criativas, o desenvolvimento de atitudes críticas, perante a realidade.
A mídia e as religiões constituem verdadeiras
fundações de sustentação do capitalismo, e desempenham trabalho supereficiente
na divulgação de sua ideologia, tornando quase impossível às mentes jovens,
mesmo as mais criativas e ousadas, submergirem desse oceano de influências
perniciosas.
Ao atingirem a idade adulta, esses seres
humanos, já moldados segundo os desígnios do sistema capitalista e das
religiões, se apropriam das ideias recebidas na juventude e passam a
transmiti-las aos seus descendentes, como verdades absolutas, inquestionáveis,
e, assim, é formado o círculo que atravessa séculos e milênios, carregando uma
humanidade presa às tradições religiosas, desprovida de senso crítico e incapaz
de dar rumos ao seu próprio destino.
A humanidade, que tanto evolui no campo
científico e tecnológico, parece empenhar todos os esforços para manter-se
presa às tradições religiosas, e, assim, impedir o desenvolvimento de uma visão
crítica da realidade que vivencia. Mas tudo isso acontece sob o comando do
egoísmo, sentimento que alimenta as religiões e o capitalismo, os quais seguem
o princípio de “cada um por si”, tornando cada ser humano em explorador de
outros seres humanos ou em explorados.
A verdadeira educação tem um enorme trabalho a
desenvolver para transformar esse quadro e impedir que a humanidade, guiada
pelo capitalismo e pelas religiões, promova, inconscientemente, seu
autoextermínio.
Valdeci Pedro da Silva é Arquiteto e Urbanista.
E-mail: val.val2705@hotmail.com
Fonte: EcoDebate,
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