ACHEGA À CRIAÇÃO DO GOVERNO MUNDIAL
O grande pensador e ambientalista Leonardo Boff redigiu um artigo, publicado em jornais de 26.12.08, no qual não usa palavras diretas, mas deixa transparecer sem dúvida que vislumbra o caminho do governo mundial como forma de iniciar ações de socorro ao planeta. Divulgar seus escritos em prol do planeta é uma forma de ação ambientalista. Vejamos seu pensamento sábio, profundo e esclarecedor.
“Como escapar do fim do mundo."
"Chegamos a um tal acúmulo de crises que, conjugadas, podem pôr fim a este tipo de mundo que nos últimos séculos o Ocidente impôs a todo o globo. Trata-se de uma crise de civilização e de paradigma de relação com o conjunto dos ecossistemas que compõem o planeta Terra, relação de conquista e de dominação. Não temos tempo para acobertamentos, meias-verdades ou simplesmente negação daquilo que está à vista de todos. O fato é que assim como está, a humanidade não pode continuar. Caso contrario, vai ao encontro de um colapso coletivo da espécie. É tempo de balanço face à catástrofe previsível. Inspira-nos uma escola de historiadores bíblicos que vem sob o nome de escola deuteronomista, derivada do livro do Deuteronômio que narra a tomada de Israel e a entronização de chefes tribais (juízes). A escola refletiu sobre 500 anos da história de Israel, a idade do Brasil, fazendo uma espécie de balanço das várias catástrofes políticas havidas, especialmente, a do exílio babilônico. Segue um esquema, diria, quase mecânico: o povo rompe a aliança; Deus castiga; o povo aprende a lição e reencontra o rumo certo; Deus abençoa e faz surgir governantes sábios. Usando um discurso secular, apliquemos, analogamente, o mesmo esquema à presente situação: a humanidade rompeu a aliança de harmonia com a natureza; esta a castigou com secas, inundações, tufões e mudanças climáticas; a humanidade tirou as lições destes cataclismos e definiu um outro rumo para o futuro; a natureza resgatada favorece o surgimento de governos que mantém a aliança originária de harmonia natureza-humanidade. Ocorre que apenas uma parte deste esquema está sendo vivida: que lições estamos tirando dos transtornos que estão ocorrendo globalmente? Todos estamos perplexos sem saber que caminho tomar. Alguns querem continuar pela mesma rota que os conduziu ao desastre. Outros se dão conta de que temos que mudar os fundamentos da nossa convivência com os humanos e com a Terra, organismo vivo, doente e incapaz de se auto-regular. Essa mudança deve possuir uma função terapêutica: salvar a Terra e a Humanidade, que se condicionam mutuamente. O fato é que precisamos escutar aqueles que com consciência da situação nos estão oferecendo as melhores propostas. Eles não se encontram nos centros do poder decisório do Império. Estão na periferia, no universo dos pobres, aqueles que para sobreviver têm que sonhar, sonhos de vida e de esperança. Uma destas vozes é de um indígena, o Presidente da Bolívia, Evo Morales. Ele escreveu, agora em novembro, uma carta aberta à Convenção da ONU sobre mudanças climáticas na Polônia. Escutando o chamado da Pacha Mama conclama: ‘Necessitamos de uma Organização Mundial do Meio Ambiente e da Mudança Climática, à qual se subordinem as organizações comerciais e financeiras multilaterais, para promover um modelo distinto de desenvolvimento, amigável com a natureza e que resolva os graves problemas da pobreza. Esta organização tem que contar com mecanismos efetivos de implantação de programas, verificação e sanção para garantir o cumprimento dos acordos presentes e futuros… A humanidade é capaz de salvar o planeta se recuperar os princípios da solidariedade, da complementaridade e da harmonia com a natureza, em contraposição ao império da competição, do lucro e do consumismo dos recursos naturais.’ Evo Morales é indígena de um pais pobre. Temo que ele conheça o destino da triste história narrada pelo livro do Eclesiastes: ‘Um rei poderoso marchou sobre uma pequena cidade; cercou-a e levantou contra ela grandes obras de assédio. Havia na cidade um homem pobre, porém sábio que poderia ter salvo a cidade. Mas ninguém se lembrou daquele homem pobre porque a sabedoria do pobre é desprezada’(9,14-15). Que isso não se repita de novo.”
4 Comentários:
Escreveu o sr. Boff: "a humanidade rompeu a aliança de harmonia com a natureza"; ora, esta realmente é muito boa. . . quando, pergunto eu, quando é que a humanidade esteve em harmonia com a Natureza?? Só se foi em algum conto de ficção. Desde que um certo hominídeo (o Homo habilis) passou a fabricar ferramentas de pedra lascada, pronto, adeus "harmonia". Aí, para lascar de vez, veio um tal de Homo erectus que aprendeu a dominar o fogo. . .isso tudo, gente, há mais de 1,5 milhões de anos. O que concebemos como humanidade (o Homo sapiens) surgiu muito, muito tempo depois.
Recomendo, humildemente, ao bem intencionado sr. Boff que estude um pouco mais de Antropologia. . .
Depois o sr. Boff prossegue escrevendo "Essa mudança deve possuir uma função terapêutica: salvar a Terra e a Humanidade, que se condicionam mutuamente". Sr. Boff, pelo amor do bom Deus, o senhor acredita mesmo que a Terra precisa da Humanidade?? A mim, parece evidente, que Gaia estaria muito melhor sem nós. . . a Terra, sr. Boff, não precisa de salvação. . . quem necessita de salvação, sr. Boff, são nossas almas pecadoras.
Caro Antonio,
Primeiramente, uma explicação: Vi na publicação do artigo do eminente Leonardo Boff um suporte às minhas considerações manifestadas no artigo sobre o “Governo Mundial”. Como expliquei no início, o digno pensador tece uma hipótese para deixar transparecer que apóia a criação do governo global e isso é o importante. Suas observações, Antonio, sobre a ruptura da harmonia estão assentadas em clara e forte argumentação.
Quanto à segunda parte de sua crítica, cabe-me esclarecer que, quando nós ambientalistas clamamos por providências para salvação do planeta, na verdade estamos nos referindo a todos os seres vivos, inclusive a humanidade. Reconheço que é uma atitude egoísta, mas está de acordo com o instinto da sobrevivência que habita também a nossa espécie. O assunto comporta diversos enfoques, inclusive o de que a Terra em si não precisa dos humanos. Há momentos em que me sinto como você. Ao ver a estupidez humana cometendo atos insanos, sinto asco pela nossa espécie e aceito como merecido o nosso destino trágico. Creio, contudo, que essa visão fica mais adequada ao campo filosófico. Quem está vivo tem que cumprir as ordens emanadas de seus cromossomos. As atitudes dos ambientalistas estão de conformidade com tais determinações, pois se destinam a preservar a vida das gerações seguintes. Entendo que ainda não estamos perdidos. Há uma tênue esperança.
Sim, Maurício, às vezes a humanidade (eu no meio) irrita-me sobremaneira. . . sim, às vezes, isto acontece.
Mas ás vezes também observo a humanidade sem irritação. . . para falar a verdade acho até graça dela.
Sim, Maurício, às vezes olho a humanidade como quem observa uma criança a brincar. A criança cria fantasias, personifica; ora ela é um soberano poderoso, ora um herói, ora um deus, ora um gênio em um variado e rico exercício de faz de conta. Como crianças, Maurício, a imensa maioria de nós é incapaz de viver sem ilusões.
Pois é, penso que Fernando Pessoa estava mesmo certo quando escreveu que é muito difícil ter olhos apenas para ver.
Precisamos salvar o planeta terra ;/
as pessoas nao se tocam do que estao destruindo ¬¬ seus maiores patrimonios,a vida de seus filhos,a extinçao da toda a humanidade ;/
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