domingo, 14 de dezembro de 2008

VENDILHÕES DO TEMPLO

Realizou-se em 23.11.08, em Foz do Iguaçu uma conferência internacional para debater o problema ambiental. Muitos discursos, onde foram louvados os desenvolvimentos sustentáveis e nada de concreto foi realizado. Participaram pessoas sem qualquer poder de decisão. Mas foi marcado novo encontro para o ano 2009.
Poucos dias depois, de 26 a 28.11-08, realizou-se outra conferência internacional em Belo Horizonte intitulada “Diálogos da Terra”, com apoio e patrocínio do governo mineiro e grandes empresas, as quais foram homenageadas por adotarem comportamentos sustentáveis. Eu compareci a essas reuniões nos três dias. Ouvimos belos discursos e mútuos elogios. Não houve diálogos com a Terra; só monólogos entre os predadores da Terra. Fazendo uma pequena e incisiva intervenção, me propus a falar em nome da Terra para que houvesse, realmente, um diálogo. Terminei minhas palavras (as da Terra), dizendo: “Preciso urgente de um governo mundial para cuidar dos meus interesses. A existência de 176 governos não me cuidam, só me dilaceram.” No torvelinho das conveniências dos poderosos – lado político e lado econômico – o pedido da Terra ficou ignorado ante a necessidade de se enganarem, uns aos outros. No final, publicaram a “Carta de Minas Gerais” dirigida à próxima conferência da espécie, a ser realizada no ano seguinte em Istambul. Na carta, na qual se exercita o malabarismo verbal, distribuindo loas a todas as boas intenções, a expressão “desenvolvimento sustentável” é citada nove vezes, “sustentabilidade” referida duas vezes, “sustentável” também duas vezes e “sustentáveis” uma vez. É um primor de faz-de-conta o parágrafo final dessa carta: “... que o sonho de um desenvolvimento sustentável, economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado, se faz realidade se continuarmos unidos pelo diálogo, e fortalecidos pela certeza de que é possível mudar, cada um fazendo a sua parte, e acabando com a cultura de esperar que os outros e o governo façam por nós".
Participaram da reunião pessoas sem qualquer poder de decisão mundial.
Terminou em 13.12.08, em Poznan, Polônia, a 14ª. reunião promovida pela ONU para discutir os assuntos climáticos mundiais, fundados na proposta conhecida como 20-20-20. Resultado: ficou tudo como está. O acordo prático é o seguinte: redução de 20% na emissão de CO2 com base nos níveis de 1990. Ora, isso equivale a zero. As discussões puseram em evidência que qualquer ação concreta em favor do meio ambiente equivale a prejudicar os objetivos empresariais. Mas é lógico! Pois as atividades econômicas são a causa do malefício ambiental! A solução foi a de sempre: adiar, adiar. Até quando? Até quando a corda arrebentar. Aí não vai ter mais jeito. Ali houve muita discussão, inclusive troca de confetes pela qual o Brasil foi elogiado pelas medidas ecológicas, o que deve ter enchido de vento o ego do representante brasileiro. Nós aqui do Brasil sabemos desses elogios: desmate acelerado, agora sem multa, tudo livre... Outras medidas paradoxais: O presidente fazendo grande campanha, incentivando e financiando, para que o povo “consuma, consuma mais. É a hora de consumir.” (Oh, Deus, perdoai-lhe porque não sabe o que faz.) Será que não sabe?
Em abril de 2008, o presidente dos EE.UU convocou os presidentes dos principais paises, para uma reunião sobre meio ambiente. Única decisão: por sugestão do Sr. Lula, haverá nova reunião no ano seguinte, no Brasil, para tratar do mesmo problema.
Não vamos indicar, especificamente, mas estão sendo realizadas conferências sobre o problema climático em diversos paises, sempre ADIANDO para a próxima reunião. E quase sempre por pessoas que não têm poder decisório.
Na cabeça dos ricos empresariais, que são representados pela instituição chamada “governo”, deve ocorrer o mesmo que se passa com as pessoas que têm uma vida muito abastada e confortável, mas com sinais de doença mortal: vão adiando a consulta ao médico, adiando exames de laboratórios, adiando procedimentos preventivos, adiando pensar na doença, porque assim prolongam o tempo de vivência boa. Depois... bem, depois... como é mesmo?
Isso se chama atitude irresponsável.

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