sábado, 1 de agosto de 2009

HONDURAS - OPORTUNIDADE PARA EXERCITAR O ESPÍRITO CRÍTICO

Ocupa diariamente os espaços dos jornais e noticiários a situação política em Honduras. O presidente constitucional Manuel Zelaya foi destituído pelos militares pátrios e substituído por Roberto Micheletti. Os principais governos do mundo, inclusive o Brasil, condenaram a solução de força e estão tomando medidas no sentido de que o senhor Zelaya retorne ao mandato. Para isso, além das pressões de ordem diplomática, os EE.UU e paises da Europa implementaram ações econômicas contra o país. O governo americano cancelou “ajuda” econômica de milhões de dólares e impediu o embarque de matéria prima destinada à indústria hondurenha (que pertence majoritariamente a americanos), ocasionando-lhe paralisação de atividades e a conseqüente demissão de operários hondurenhos (estes, sim, hondurenhos). A Comunidade Européia interrompeu um programa de “empréstimos”. Nenhum país reconheceu o novo governo de Honduras e todos insistem em que seja reempossado o antigo mandatário. O mundo todo contra a situação de mando desse país. E eu, sozinho, contra o mundo. Devo esclarecer logo que também sou favorável a Zelaya, mas não posso repelir minha capacidade de raciocinar, analisando sem paixão a situação desse infeliz povo que habita uma região geográfica a que chamamos Honduras.
O que estamos assistindo é simplesmente a uma ingerência aberta na soberania de um país. Ou, por outra, fica patente que não há soberania e sim tolerância. Uns e outros países poderosos toleram a existência dos mais fracos. É uma situação pacífica de guerra. A rigor, nenhum governo estrangeiro tem o direito de modificar o curso histórico de outro país. Se tal desenho hondurenho passa por essa fase, boa ou ruim, é assunto exclusivamente de competência de seu povo.
Todos os retalhos do mundo são a resultante de embate de forças políticas e militares legítimas ou ilegítimas; isso não importa, mas constitui a história de cada Estado. Se a soberania das nações é apregoada para todos os cantos – como complemento da retórica chamada democracia – perante a lógica da razão, não nos podemos servir da hipocrisia. Sabemos que estamos teorizando, pois os fatos nos indicam que sempre as nações mais fortes interferem na formação do destino das mais fracas, mas não podemos fugir de expor o resultado de nossa análise. Na estrutura mundial, feita apenas de visões econômicas, não há respeito, sinceridade, humanismo, ética; só interesses econômicos, essa força bruta, irracional que está destruindo a alma humana e o planeta.
Além das considerações acima, cabe-nos tirar a conclusão de que o processo de invasão econômica é sub-reptício, destrutivo de nacionalidades e que se mostra bem à vista nessas horas. Com fornecimento ou não de sangue monetário, os EE.UU. sufocam o povo cubano; obtêm a aquiescência da Polônia e República Tcheca para servirem de campo de guerra nuclear; estrangulam os direitos básicos dos palestinos; tentam subjugar a Coréia do Norte e Irã.
As principais empresas brasileiras pertencem ao capital internacional. Isso equivale a uma corda colocada no pescoço. É só puxar, de acordo com as conveniências do dono da corda. É a globalização econômica e política. O poder militar só é chamado se a vítima opuser resistência.
O mundo não está assentado na Justiça, mas na Força, tal como era escolhido, nos primórdios, o chefe do clã humano e o dos animais irracionais.

1 Comentários:

Às 1 de agosto de 2009 às 19:09 , Anonymous Anônimo disse...

Caríssimo GG:
No calor do noticiário parcial, raras são as pessoas que enxergam esta distorsão. Parabéns,
Antídio

 

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