sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UM BRASILEIRO QUE MERECE NOSSA LEMBRANÇA

UM BRASILEIRO QUE MERECE NOSSA LEMBRANÇA
Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com - fabioxoliveira.blog.uol.com.br/

José Lutzenberger
José Antônio Lutzenberger (Porto Alegre, 17 de dezembro de 1926 — Porto Alegre, 14 de maio de 2002) foi um agrônomo e ecologista brasileiro que participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental. Foi secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República de 1990 a 1992. Era filho do artista plástico, arquiteto e professor teuto-brasileiro Joseph Franz Seraph Lutzenberger.
O defensor de Gaia: Referência internacional na preservação da natureza, José Lutzenberger confirma que o ser humano ainda não consegue chegar ao poder sem destruir o jardim.
“O que nos falta é mentalidade para ver a beleza do nosso mundo. Somos cegos diante da natureza”. É o que diz o ambientalista José Lutzenberger em um de seus mais expressivos livros, “Manual da Ecologia: Do Jardim ao Poder”, relançado pela editora LPM. Respeitado mundialmente por sua luta conservacionista, Lutzenberger procurou alertar a humanidade para os perigos da globalização, defendendo a idéia de que é possível conciliar progresso e preservação ambiental. Sua luta começou em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), quando encontrou um grupo de pessoas preocupado com a degradação dos recursos naturais no estado. Ele sugeriu que fosse criada uma entidade de defesa do meio ambiente, a primeira ong ambiental do país, que acabou surgindo em 1971, com o nome de Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. Lutzenberger foi seu presidente até 1983, quando se afastou do cargo. Em 1987, criou a Fundação Gaia para desenvolver ações que visassem ampliar e fortalecer o conceito de desenvolvimento sustentável no país. Ajudou a implantar projetos de meio ambiente e prestou assessoria a órgãos governamentais e prefeituras, além de realizar trabalhos de responsabilidade social, como difundir técnicas de agricultura sustentável entre produtores rurais. Agrônomo por formação, Lutzenberger também foi um dos mais importantes opositores do uso de agrotóxicos.
Em um dos artigos do livro “Manual da Ecologia”, ele afirma que a expressão “defensivo agrícola” é utilizada de forma incorreta. Chamado de defensivo, o agrotóxico é prejudicial tanto à saúde humana como das plantas. Ao longo de sua trajetória como ecologista, Lutzenberg foi agraciado com mais de 40 prêmios nacionais e internacionais, entre eles a “Medalha Bodo-Manstein” (Alemanha, 1981), “The Right Livelihood Award” (Suécia, 1988) e o “Prêmio Internacional Vida Sana” (Espanha, 1990). Escreveu sete livros e ganhou o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de São Francisco, em Bragança Paulista, da Universitat Fur Bodenkult Wien, da Áustria e da Universidade de Shandong, na China. Morreu em Porto Alegre no dia 14 de maio de 2002, aos 75 anos, e foi enterrado em um bosque na sede da Fundação Gaia. Nascido sob o signo de Júpiter, Lutzenberger não deixou apenas uma mensagem ecológica. Sua obra é um pedido da natureza para salvar o que de mais precioso recebemos dele: a vida.
Globalização
“Toda pessoa inteligente, bem informada e pensante sabe que nossa atual cultura industrialista global é insustentável. Se quisermos sobreviver como espécie e como civilização, teremos que repensar o que entendemos por progresso e por desenvolvimento.”
Economia
“Os negócios humanos são apenas parte dos negócios da natureza, portanto, a economia deveria ser vista como parte da ecologia.”
Extinção
“Porque nossa atual civilização é tão destrutiva? Ou chegamos a um estilo de vida compatível com a Criação ou desapareceremos como civilização e, talvez, como espécie.”
Amazônia
“Tudo o que hoje se faz na Amazônia em nome do progresso e do desenvolvimento é a imposição cega e brutal sobre o ecossistema local, que é completamente eliminado.”
Devastação
“O mais incrível é ver sítios de lazer, alguns com placas no portal de entrada se dizendo ecológicos. A ocupação começa invariavelmente pela devastação total. É difícil pra mim entender como pessoas da cidade, que durante a semana sofrem a inclemência do mar de concreto, queiram passar seu fim de semana em ambiente tão devastado.”
Madeireiros
“Os madeireiros não enxergam a floresta do modo que o pecuarista vê e maneja seu gado. Eles a vêem como uma mina e extraem o que puderem. Isto acontece com todas as florestas remanescentes do planeta.”
Sombras
“Hoje as sombras naturais gratuitas são eliminadas para fazer sombras artificiais, duras e caras.”
Ignorância
“As pessoas não sabem o que é sentir orvalho no pé descalço, admirar de perto a maravilhosa estrutura de uma espiga de milho ou o trabalho incrível de uma aranha tecendo sua teia.”
Desenvolvimento
“Todos os nossos esquemas de produção deverão tornar-se sustentáveis em termos de uso material e respeitoso da grande diversidade dos sistemas vivos. Eles terão que enquadrar-se harmonicamente, sem apagá-los.”
“A Eco-92 tinha como lema básico o desenvolvimento sustentável. Mas os políticos continuam a fazer sua demagogia em cima deste conceito. É quase impossível, no entanto, encontrar um político, um administrador público ou um tecnocrata que saiba o que isto significa.”
Preservação
“Hoje em dia se fala muito na importância de se preservar a biodiversidade. Mas ela é vista como mais um recurso, uma necessidade de estabilidade dos sistemas que desejamos explorar.”
Pintura
“Pra quê pintar o tronco das árvores de branco? Será que é para mostrar a dominação humana? Muita gente não gosta de ver a natureza livre, desenvolvendo-se de acordo com suas próprias leis.”
“As pessoas nunca olham com atenção um tronco de árvore. Tudo deve ser ordenado, regimentado, colocado em camisa de força. Quando plantam um número maior de árvores, é quase sempre uma formação geométrica, como pelotão militar, medido à trena.”
Gaia (O Planeta Terra)
“Gaia não é apenas uma nave espacial que abriga bilhões de seres vivos, a maioria deles dispensável na opinião da sociedade industrial moderna. Neste sistema, cada espécie é importante e insubstituível.”
“Nós, seres humanos, devemos parar de agir como um câncer neste superorganismo. Individualmente somos como células de um de seus tecidos. Ainda há cura.”
“O inimigo somos nós. É nosso estilo de vida consumista, resultado de uma cosmovisão antropocêntrica que nos faz ver este nosso planeta, o único que conhecemos - provavelmente nunca conheceremos de perto outra maravilha semelhante - como se fosse um mero almoxarifado de recursos gratuitos e ilimitados.”
“Estamos bagunçando todos os mecanismos de controle climático com excesso de dióxido de carbono, metano, óxidos de nitrogênio e enxofre,
desmatamento e desertificação. Por quanto tempo poderemos abusar do sistema? O que para Gaia pode ser uma leve e passageira febre, para nós pode ser o fim da civilização.”

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