sexta-feira, 9 de maio de 2008

ASSASSINATOS GLOBAIS E SUICÍDIO COLETIVO

Publicamos abaixo artigo do brilhante ambientalista Antídio Teixeira. Não deixem de meditar sobre as grandes verdades ali contidas.

"Eu, como todo indivíduo que desfruta de benefícios não essenciais à vida, moradores de comunidades urbanas em edifícios servidos por elevadores, abastecidos com águas de rios captadas, tratadas e bombeadas através de centenas de quilômetros de adutoras, dispondo delas quentinhas para o banho ou purificadas e geladinhas para beber; também de confortáveis transportes por ônibus, automóveis, trens, navios e aviões que, antigamente, nem mesmo os reis imaginavam; tendo à nossa disposição variadas formas de informações e de diversões proporcionadas por jornais, rádios, televisões, cinemas e clubes; praticantes de turismo, esportes radicais e freqüentadores de resorts; beneficiários dos avanços da medicina; tendo ao nosso alcance o abastecimento de todos os produtos essenciais, ou não, às nossas necessidades ali nos supermercados da esquina, necessitamos saber que: “tudo que consumimos, ou que usamos, foi fabricado, ou é movimentado por algumas formas de energia: sejam elas elétrica, dinâmica, calorífica e/ou luminosa”. E que, aproximadamente, 80% delas têm origem em processos poluentes, principalmente os combustíveis fósseis e nucleares. Aqueles já saturaram o meio ambiente e estão causando o desequilíbrio climático que vem reduzindo a produtividade agrícola acompanhada da avicultura, suinocultura e, também da pecuária, elevando os custos da alimentação em todo o mundo. Em conseqüência do desvio dos potenciais energéticos para satisfazer às necessidades artificiais implantadas em nossas consciências pela mídia com objetivo de atender aos interesses lucrativos de governos e empresas através da economia globalizada, sugamos os recursos naturais de países menos favorecidos pela Natureza, dando-lhes em troca, cada vez menos recursos para alimentar seus povos, como está ocorrendo em países da África, da Ásia e alguns da América Latina.
[…]Entendemos que o acúmulo de óxidos de carbono liberado no meio ambiente em mais de duzentos anos com a queima de combustíveis fósseis, depois de sacrificar grande parte da vida vegetativa que absorvia parte deles em terra e nos mares, vem causando, há décadas, a saturação da atmosfera; com isso, provocando um aumento de densidade, fazendo-a se acumular em maior proporção sobre as regiões intertropicais na forma de CO2, sugada das regiões polares pela força centrífuga determinada pelo movimento de rotação terrestre. Em conseqüência, a camada protetora de ozônio vem se degradando nos pólos e ampliando-se na direção dos trópicos, deixando estas regiões menos produtivas na agricultura e inóspita para a vida humana. Os países situados nelas, tanto no Hemisfério Norte como no Sul, sentem gradativo rebaixamento na produtividade agrícola e conseqüente elevação nos seus custos dada, não só pelo empobrecimento da fertilidade do solo, assim como pelas agressões dos raios ultravioletas da luz solar, cada vez mais intensa de ano para ano. Para compensar tais prejuízos, os governos dos países ricos protegem seus agricultores oferecendo os famosos subsídios que são pagos com o recolhimento de taxas sobre os produtos agrícolas importados, desestimulando, deste modo, a produção nos países pobres.
Com o petróleo cada vez mais escasso e disputado com destrutivas guerras, seus preços vêm se elevando com rapidez assustadora, o que tem levado empresários de países ricos a desviar parte da produção de grãos alimentícios para a fabricação de biocombustíveis, visando maiores lucros. Por tal razão, os países ricos, importadores de matérias primas de países pobres, enviam aos exportadores, cada vez menos recursos em pagamento por suas compras, assassinando, assim, por inanição e doenças milhões de cidadãos, cidadãs e crianças que são empobrecidas pela ganância dos ricos. E, todos nós que nos beneficiamos desta “tramoia” capitalista, somos tão criminosos quanto os consumidores de drogas ilícitas que subvencionam a produção e o tráfico das mesmas.
Continuar aceitando o jogo da mídia de promover o consumo supérfluo para os, economicamente, privilegiados através de veículos que alcançam os menos favorecidos pela sorte, é como estimular as agressões destas contra aquelas na disputa ilegal pela posse de bens, sejam eles essenciais ou supérfluos. As classes mais aquinhoadas nesta divisão desigual já estão sendo ilhadas em redutos cada vez mais exíguos e obrigadas a transitar expostas à violência ou acompanhadas por segurança reforçada e, até, em carros blindados. Nenhum poder tecnológico conseguirá deter o poderoso exército de insatisfeitos que está se formando no mundo contra ordem econômica vigente. Que digam os insucessos no Vietnam e no Iraque e a decadência econômica dos agressores. Continuar abusando do consumo supérfluo é como estar abrindo caminho para um suicídio coletivo global. Por favor; provem-me que estou tendo pesadelo. Abraços,
Antídio"

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