SOBRE A INQUIETAÇÃO HUMANA
Autor: Adriano Couto
Trago dentro de mim, a mesma
inquietação dos filósofos, a sede insaciável pelo conhecimento, almejo a
sabedoria. Essa inquietação faz com que eu busque as respostas para as questões
primeiras de nossa existência, isso é praticar a filosofia.
Questões que
movem o pensamento humano, provocando a reflexão, instigando a sublime arte de
filosofar, o homem sempre buscou afugentar o fantasma do vazio existencial,
aonde ao longo de sua vida, sempre vêm à tona, os questionamentos de sua
adolescência: “De onde venho?” “Para onde vou?” “O que estou fazendo aqui?”
Filosofar é
algo apaixonante, é a eterna busca pelo indivíduo, muito bem representada nas
obras do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard. Os homens que julgam tudo
saber, na realidade são tolos por excelência, quanto mais avançamos no
conhecimento humano, chegamos a conclusão que absolutamente nada sabemos e quão
diminuta e ínfima é nossa pretensa sabedoria, representada na máxima de Sócrates:
“Só sei que nada sei”.
René
Descartes, grande homem de seu tempo, também se dedicou com afinco a esta
questão inquietante, concluindo magistralmente em sua Magnum Opus ( Magna
Obra ), “Discurso sobre o método”, a seguinte afirmativa:“Cogito ergo
sum” (“Penso logo existo”).
O grande
teólogo e filósofo Agostinho de Hipona, um dos Pais da Igreja Latina, busca na
transcendência a resposta para este dilema milenar, afirmando categoricamente
em suas “Confissões” (autobiografia): “Inquieto está o nosso coração enquanto
não repousa em ti ó Deus!”. Acalmando assim aqueles corações religiosos mais
aflitos. Em contrapartida a este pensamento, séculos mais tarde, Feuerbach
afirma: “O homem vai hierarquizando os seus sonhos, o mais bonito ele dá o nome
de Deus. Assim o homem criou Deus a sua imagem e semelhança.” Esta afirmativa,
mais uma vez traz instabilidade a muitos corações inquietos que buscam
incessantemente o fim último da razão de sua existência.
Mas meu
objetivo aqui não é buscar respostas na esfera transcendental, pois estaria
entrando inevitavelmente no campo religioso, para isto depende muito da fé de
cada indivíduo, não quer dizer que eu não tenha, mas meu interesse é não
ultrapassar os limites da filosofia, não pretendo entrar em querelas
metafísicas, busco respostas no cerne do existencialismo humano, concluir com
uma afirmação puramente metafísica seria muito fácil, exemplo “Deus criou o
homem e ponto final”, como citei antes, para entoar esta premissa é questão de
fé individual, mas isso me levaria à acomodação e afirmo que as grandes
descobertas, avanços que aconteceram ao longo da história, foi justamente
porque os homens não se acomodaram e muito menos se conformaram diante dos
primeiros resultados de suas pesquisas, buscaram sempre mais! Além do
comodismo, isso extinguiria a chama da minha busca inquietante. Mas a inquietação
exige mais! Busca apaixonadamente a sabedoria, a sapiência, o esplendor do
conhecimento.
Não estaria
praticando o princípio básico da filosofia se concebesse da forma citada acima,
que não devemos dar fácil aceitação as coisas sem antes ter questionado e
entendido. Já dizia Sartre, “o existencialismo é um humanismo”,colocava também
que “a existência precede a essência”.
Concluindo
esta reflexão inquietante e um tanto provocativa, já que vivemos em um eterno
retorno, onde os fatos se repetem, volto nos primórdios do pensamento
filosófico, mais precisamente ao Portal do Templo do consagrado ao deus Apolo
em Delfos, onde estava gravada a seguinte afirmação: “CONHECE-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES”.
Fonte: Fábio Oliveira
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